Entenda: esquema de lavagem de dinheiro tinha participação de traficantes do PCV

Coletiva com o subsecretário de Inteligência da Sesp, Romualdo Gianordoli Neto, e os delegados José Darcy Arruda, Ricardo Almeida e Alan de Andrade para explicar sobre a Operação Baest: a investigação vai continuar

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Divulgação/Sesp

Empresários, um ex-coronel da reserva da Polícia Militar e um advogado estão entre os 19 investigados por envolvimento em um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro do Espírito Santo.Os nomes dos envolvidos não foram revelados porque, segundo a polícia, a investigação prossegue, para averiguar se há ligações com o tráfico internacional. Segundo os delegados responsáveis pela operação, foram bloqueados judicialmente mais de R$ 40 milhões em bens.O alvo central da investigação é o ex-agente penitenciário Thiago Cândido Viana, conhecido como Baé, preso desde 2021, apontado como um dos principais fornecedores de armas e drogas para o Primeiro Comando de Vitória (PCV).A partir de análises de dados bancários e interceptações, a polícia identificou que Baé atuava como elo entre grupos criminosos distintos, operando de forma descentralizada. A ação fez parte da Operação Baest, realizada no último dia 14, coordenada pelo Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) da Polícia Civil.Segundo a polícia, Baé mandava dinheiro para cidades de fronteira com o Paraguai — como Guaíra (PR), Mundo Novo e Eldorado (MS) — onde fornecedores providenciavam o envio de armas e drogas para o Espírito Santo.“Ele pagava pela carga, e os fornecedores faziam a logística. Quando o material chegava aqui, era entregue ao PCV, que vendia e distribuía”, disse o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), Romualdo Gianordoli Neto.Além do envolvimento com o tráfico, o ex-agente chefiava um esquema de lavagem de dinheiro que usava imóveis, veículos e empresas laranjas. Ele comprava casas e apartamentos por valores altos, registrava por quantias muito menores e revendia com lucro aparente.“Ele comprava um imóvel por R$ 1 milhão, registrava por R$ 300 mil. Depois, vendia pelo valor real e o restante virava lucro limpo. Fazia o mesmo com carros e usava títulos de capitalização e depósitos fracionados para não chamar atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)”, diz o delegado Alan de Andrade, coordenador do Ciat.A investigação identificou o uso de pessoas jurídicas temporárias para receber e movimentar valores, incluindo empresas que eram abertas e rapidamente encerradas.A operação resultou na apreensão de veículos de luxo, documentos e bens em cidades como Vila Velha, Serra, Guarapari e Cariacica – além dos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e de Minas Gerais.

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