Governo precisa falar mais com o Congresso Nacional

editorial

O Governo do presidente Lula precisa vender melhor as suas propostas sob o risco de perder a chance de emplacar projetos de relevância no Congresso Nacional. Ao participar, nessa terça-feira, da 26ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, que contou com a presença de pelo menos 12 mil gestores públicos, entre prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais, o presidente foi vaiado e aplaudido. Em resposta à plateia, ele usou o recorrente discurso de não praticar discriminação em sua gestão, pois atende todos os prefeitos, independentemente dos partidos dos dirigentes municipais.

  Na semana passada, entidades de policiais civis, federais e militares replicaram manifesto já divulgado no mês passado contra a PEC da Segurança Pública, embora o texto já tenha acolhido sugestões dos governadores. Os autores, que contam com o respaldo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado – declaradamente candidato à Presidência -, consideram que a União irá interferir nas polícias estaduais, embora o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em mais de uma ocasião, tenha afastado tal possibilidade.

  Ele pode ter convencido os governadores, mas os críticos entendem que, mesmo não estando explícito no papel, haverá algum tipo de interferência. Destacam ainda que não dá para estabelecer uma política única quando os estados têm perfis de segurança distintos.

  No caso dos prefeitos, a crítica, de acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, envolve o projeto que isenta o Imposto de Renda para pessoas com rendimento até R$ 5 mil. Os municípios entendem que terão perda de receita nos repasses.

  Em ambas as propostas, a discussão foi ampla, mas ainda insuficiente para convencer o Congresso e entidades a aderirem aos projetos. As duas propostas têm importância significativa, mas o Governo corre o risco de perdê-las por falha na comunicação ou por conta da base frágil, que se depara com uma oposição cada vez mais assertiva.

  O Governo, ao que tudo indica, não percebeu que os tempos mudaram. O Lula.3 não consegue virar o jogo no Parlamento, e o próprio presidente, como relatam observadores, não têm mais o mesmo encantamento das duas versões iniciais. Ele conversa cada vez menos com os deputados e se fecha em pequenos grupos, o que é um problema ante a necessidade de ampliar suas relações nas duas casas legislativas.

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