Médicos apontam novos tratamentos para vencer o déficit de atenção e a depressão

Médicos debatem avanços no tratamento da depressão durante evento no ES.

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Reprodução/Canva

Crianças, jovens, adultos e idosos podem ser acometidos pela depressão, que coloca o Brasil no pódio dos países da América Latina com maior prevalência da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas Américas, o Brasil é o segundo com mais pessoas depressivas. Estudo epidemiológico aponta que a prevalência de depressão ao longo da vida, no Brasil, está em torno de 15,5%. E a perspectiva é que a porcentagem aumente ainda mais nos próximos anos. Por causa disso, novos tratamentos têm sido discutidos e incorporados na clínica médica contra a doença, como estimulação magnética transcraniana (EMT), remédios que agem como moduladores de receptores de glutamato, spray nasal, entre outros. Há até estudos com as canetas emagrecedoras mostrando que a redução da inflamação causada pela obesidade também pode impactar pacientes com depressão.Esse e outros assuntos são debatidos na 16ª Jornada de Psiquiatria da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), que começou ontem e vai até hoje, em Vitória. A psiquiatra Janine Moscon explicou que apenas 20% das pessoas acometidas pela depressão terão apenas um episódio durante a vida. Cerca de 80% terão dois ou mais episódios, tornando o tratamento mais resistente. “Para os casos em que já foi feito tratamento medicamentoso e psicoterapia (sem resultado), temos técnicas inovadoras, como a estimulação magnética transcraniana — aparelho que cria pulsos eletromagnéticos (na cabeça), estimulando áreas do cérebro, melhorando os sintomas da doença”. A psiquiatria também tem visto como a atividade física pode impactar pacientes depressivos. “Estima-se que a atividade física seja responsável por quase 50% de melhora em quadros depressivos. Além disso, podemos fazer associações de medicamentos. Por exemplo, os estabilizadores de humor podem potencializar os antidepressivos”, destaca o psiquiatra Antônio José Nunes Faria.O psiquiatra Valber DiasPinto destacou também que hoje há medicamentos injetáveis e administrados por via nasal, que agem no sistema glutamatérgico. “Uma tendência, que está em estudo, é o uso de remédios que melhorem a inflamação do corpo, como os análogos de GLP-1 (Ozempic e Mounjaro), para a depressão. Não é ainda um medicamento para depressão, mas quando vemos a influência desse tratamento para depressão, ela é mais positiva do que negativa”, ressaltou. “Uma explicação é que, com a redução da gordura, diminui-se o aspecto inflamatório da depressão”, completou o psiquiatra.Programação Algumas palestras “Banalização diagnóstica do autismo: repercussões médico-legais e sociais”, com João Guilherme Tavares Marchiori.Painel: “Estimulação cerebral profunda nas doenças psiquiátricas”. “Desafios e estratégias no manejo das dependências químicas”, com Frankson Fonte Boa. “Quando internar um paciente psiquiátrico”, com Jovino Araújo. “Depressão resistente ao tratamento: o que fazer quando nada dá certo?”, com Janine Moscon. Saiba Mais DepressãoA depressão é um transtorno mental associado a sentimentos de incapacidade, irritabilidade, pessimismo, isolamento social, perda de prazer, déficit cognitivo (memória e raciocínio ficam prejudicados), baixa autoestima e tristeza, que interferem na vida diária. Ela afeta as capacidades de trabalhar, dormir, estudar, comer, socializar, entre outros. TratamentosMedicamentos injetáveis (cetamina) e por via nasal (escetamina) que agem no sistema glutamatérgico. Há também associações de medicamentos, como os estabilizadores de humor que podem potencializar os antidepressivos.A Estimulação magnética transcraniana não invasiva estimula a parte mais superficial do cérebro, o córtex, agindo na área do cérebro com depressão.Há ainda a eletroconvulsoterapia, que segundo a psiquiatra Letícia Mameri, é um dos tratamentos mais seguros e baratos, apesar de ser necessário sedação para realizá-lo. Com a técnica, há uma reorganização dos neurotransmissores.

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