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Leandro Fidelis — 02/06/2016
O preço da carne de frango e dos ovos vai cair para os consumidores em todo o Brasil, segundo especialistas, devido ao registro de gripe aviária em 35 aves em uma granja comercial.China, Argentina e União Europeia interromperam importações de frango do Brasil, após a cidade de Montenegro (RS) ter emergência zoossanitária decretada por 60 dias pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.A interrupção na exportação pode durar até três meses, como afirma Roberto Vertamatti, economista e diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).“A oferta de carne de frango vai aumentar no mercado nacional, e no primeiro momento os preços devem baixar, porque teremos um volume muito maior do produto no mercado nacional. Essa interrupção vai depender da atitude do Ministério da Agricultura. Se os países identificarem que há um esforço para eliminar o frango contaminado, em dois ou três meses poderemos voltar a exportar”, disse.Vertamatti alerta que, caso a gripe aviária seja registrada em outros centros produtores, o impacto pode ser maior, mas que, para o consumidor no supermercado, os efeitos acabarão sendo positivos.“Nos próximos 15 dias, saberemos a extensão da interrupção nas importações. Se houver registro de gripe aviária em outros centros produtores como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso, o impacto será maior. Será um cenário triste, mas positivo para o consumidor, porque o preço vai abaixar”, explicou.No Espírito Santo, supermercados preveem a queda dos preços, mas analisam que a produção local de carne de frango pode ser privilegiada, como afirma João Carlos Devens, empresário e integrante da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps):“O frango já é um produto barato, e num primeiro momento, o preço pode cair. Mas o frango produzido no Estado pode acabar sendo privilegiado, porque vai estar longe dos focos de contaminação.”O empresário destaca ainda que o frango comercializado no Espírito Santo segue um padrão de qualidade nacional.“Todo produto que compramos foi inspecionado por um técnico, ou veterinário, autorizado pelo governo, e recebe um carimbo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Isso tranquiliza o consumidor.”Alerta entre produtores do ESO quadro de emergência fitossanitária em município gaúcho e a suspensão da compra do frango brasileiro por diversos países em decorrência de casos de gripe aviária acendeu o alerta entre produtores do Espírito Santo.A preocupação do contágio é grande para o agronegócio capixaba, conforme destacou Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (FAES).“A produção de ovos no Espírito Santo é a maior do Brasil, e a preocupação de contágio é muito forte, porque trabalhamos com avicultura empresarial. Os produtores estão muito apreensivos e preocupados. Espero que o foco da doença seja debelado, e que a origem seja aniquilada, porque a situação é grave”, disse ele.Júlio explica que as granjas do Estado contam com protocolos e estruturas de segurança para garantir a saúde das aves.“As granjas passam por assepsia total, e contam com telas de segurança, as aves não têm contato com pássaros silvestres. Só entram funcionários especializados, com macacões higienizados e máscaras.”Rocha ainda destaca que o tráfego de pessoas e veículos nas imediações das granjas são controlados para garantir o bem-estar das aves: “Toda movimentação dentro e fora das granjas é controlada”.A Associação dos Avicultores do Estado (Aves) foi procurada pela reportagem, mas informou que só poderia disponibilizar um porta-voz na segunda-feira.Governo pede reforço em medidas de segurançaO Governo do Estado solicitou reforço nas medidas de biossegurança após o Ministério da Agricultura confirmar gripe aviária em 35 aves de uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul, que foi isolada.Entre as ações recomendadas estão: proibição de visitas externas, desinfecção de veículos e materiais, uso de roupas exclusivas, controle de pragas, monitoramento da água, ração e galpões, além de treinamento contínuo da equipe.A população deve evitar contato com aves doentes, mortas ou caídas. Os principais sintomas são tremores, dificuldade para andar ou respirar e fraqueza extrema.O governo reforça que o risco de infecção humana é baixo e está ligado ao contato direto com aves contaminadas. Não há registros da doença em granjas comerciais ou de subsistência no Rio Grande do Sul desde 2023, quando houve casos em aves silvestres migratórias.EntendaSem transmissão pelo consumoO que é a doença?A influenza aviária (H5N1) é uma doença viral que afeta especialmente as aves. Pode alcançar aves silvestres (aquáticas ou terrestres), domésticas ou de produção comercial.Como é disseminada?O vírus é disseminado nas fezes e secreções respiratórias. Pode ser transmitido através do contato direto com os fluídos ou excrementos de aves infectadas, ou de água contaminada.Humanos correm risco?O contágio em humanos é extremamente raro, e está relacionado ao manejo direto de aves infectadas. Não ocorre transmissão por meio do consumo de frango ou ovos. Mas possíveis mutações preocupam Organização Mundial da Saúde (ONS).Como identificar?Os sintomas nas aves são: andar cambaleante, pescoço “deitado”, e alta mortalidade de aves em uma mesma área. Em caso suspeito, não toque ou resgate a ave com sintomas. Acione o Ministério da Agricultura ou as Secretarias de Agricultura do Estado.Fonte: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).