Cultura: “sorriso” de Mona Lisa segue dando o que falar

Pesquisadores alemães comprovam que a pintura de Leonardo da Vinci é amplamente percebida como feliz, desafiando séculos de debate sobre a expressão enigmática

Um dos maiores enigmas da história da arte parece ter ganhado uma resposta definitiva. Um estudo conduzido por cientistas do Instituto para Áreas de Fronteira da Psicologia e Saúde Mental, de Freiburg, na Alemanha, concluiu que a Mona Lisa, famosa obra de Leonardo da Vinci, é percebida como sorridente pela totalidade dos observadores testados. A pesquisa, publicada na revista científica Scientific Reports, contraria interpretações tradicionais que atribuíam à figura um semblante triste ou neutro.

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(Imagem: Grande Enciclopédia Norueguesa)

Estudo mostra percepção unânime de felicidade na obra

Para chegar ao resultado, os pesquisadores realizaram dois experimentos envolvendo voluntários que analisaram diferentes versões da pintura. No primeiro teste, foram apresentadas nove imagens: oito delas digitalmente modificadas para aparentarem expressões mais alegres ou mais tristes, além da pintura original. Os voluntários precisavam identificar se cada imagem representava um sorriso ou uma feição triste.

Surpreendentemente, a versão original da Mona Lisa foi classificada como sorridente em 100% das respostas. “Ficamos muito surpresos ao descobrir que a ‘Mona Lisa’ original é quase sempre vista como feliz”, declarou o pesquisador principal Jürgen Kornmeier. “Isso contraria a opinião comum entre historiadores da arte”, completou.

Contexto visual pode alterar percepção emocional

No segundo experimento, os cientistas apresentaram novamente a imagem original, desta vez em conjunto com outras variações mais melancólicas da obra. O objetivo era investigar se o contexto influenciaria a percepção emocional da figura. O resultado mostrou que, em meio a imagens tristes, a Mona Lisa passou a ser percebida como mais sóbria.

Essa oscilação demonstra, segundo Kornmeier, que “nossa percepção — por exemplo, se algo parece feliz ou triste — não é absoluta, mas se adapta ao contexto com uma velocidade impressionante”.

O sorriso por trás da história

Apesar da aura de mistério que envolve a pintura, registros históricos sobre Lisa Gherardini, a mulher retratada por Da Vinci, revelam que ela teve uma vida relativamente estável. Casada com um comerciante de tecidos em Florença, ela ficou viúva e criou os filhos com o apoio da herança deixada pelo marido. Segundo os estudiosos, essa trajetória de resiliência e estabilidade pode, de fato, estar refletida no sorriso sutil que desafia há séculos críticos e admiradores da arte.

A Mona Lisa, exposta no Museu do Louvre, em Paris, continua sendo alvo de fascínio e interpretações diversas. Agora, com o apoio da ciência, o que por muito tempo foi visto como um enigma passa a ser entendido como uma expressão genuína de serenidade — uma felicidade discreta, mas inegável.

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