Professora trans potiguar viraliza nas redes ao mostrar rotina com alunos

Com vídeos espontâneos, repletos de afeto, humor e maquiagem, a professora Dani Sioline, de Natal, tem conquistado o Brasil com registros da rotina em sala de aula. Os vídeos, que começaram como reações divertidas às atividades dos alunos, ultrapassaram meio milhão de visualizações e transformaram a educadora em um fenômeno nas redes sociais — e um símbolo potente de representatividade dentro da escola.

Dani é formada em Dança pela UFRN e se define como uma pessoa sensível, empática, apaixonada por moda, cultura pop e colecionadora de Barbies. Fora das redes e da sala de aula, ela carrega com orgulho os valores que herdou de mulheres fortes da sua família. Também se reconhece como alguém que acredita na energia do universo — e na força da educação como ponte para transformação.

“Minha missão é acreditar na educação, mesmo que ela solte a minha mão várias vezes e me deixe sozinha. Mas eu nunca vou deixar de acreditar na educação afetiva”, resume.

Da sala de aula para o feed

A ideia de filmar a rotina com os alunos surgiu de forma natural.

“Sempre gostei de mídias digitais e resolvi gravar um react das atividades recebidas. A turma abraçou de imediato”, conta.

O primeiro vídeo foi publicado em 2024, mas a correria da vida docente a fez pausar o projeto. Em abril de 2025, ela voltou com tudo, com vídeos temáticos, o da chamada divertida com o tema “Filmes e Séries” viralizou.

“O vídeo chegou a 70 mil visualizações, depois 100 mil… Agora já passou de meio milhão! Eu realmente não esperava. Está sendo incrível”, comemora.

O crescimento nas redes veio acompanhado de uma onda de carinho:

“Todos os dias aparecem pessoas do Brasil inteiro me mandando mensagens de apoio”.

A repercussão dos vídeos refletiu diretamente na relação com os alunos.

“A reação deles foi eufórica! Para comemorar, fiz uma surpresa com dois bolos, um com a temática Instagram e outro TikTok. Tinha fotos nossas e os números de visualizações. Teve gritaria, emoção e claro, eu chorando muito”.

Mas esse vínculo não é só digital. É construído todos os dias com base no respeito e na escuta ativa.

“Acredito muito na educação empática, respeitosa e afetiva. Entender quem são esses adolescentes é essencial para que a aprendizagem aconteça.”

Segundo Dani, esse vínculo transforma a forma como os alunos encaram a escola.

“Recebo mensagens de alunos que dizem ter escolhido o colégio para ser meu aluno. Outros que querem voltar a estudar por minha causa. Isso mostra que o afeto também é ferramenta pedagógica.”

Representatividade que educa

Assumidamente trans, Dani encara sua presença na sala de aula como uma postura política e necessária.

“Minha existência enquanto LGBT por si só já é política. Em cada sala encontro alunos que me veem como exemplo ou apoio emocional. Já recebi mudanças de nome social e abraço essas histórias com entusiasmo.”

A professora também utiliza a moda como linguagem.

“A maquiagem, os looks, tudo isso também é comunicação e aproximação com os alunos. Eles se identificam, se sentem vistos.”

Apesar da repercussão positiva, Dani não nega que já enfrentou resistência de colegas e comentários preconceituosos nas redes.

“Alguns professores se incomodaram no começo, mas o tempo mostrou quem eu sou. E hoje tenho amigos verdadeiros entre eles. Quanto aos haters, estou preparada. Tenho apoio das instituições onde leciono e das leis”.

Para Dani, a presença de professores LGBTQIAPN+ assumidos nas escolas é fundamental.

“Se a escola forma cidadãos, eles precisam aprender a conviver com a diversidade. A nossa presença é também ferramenta de educação para a empatia.”

Ela sonha em expandir ainda mais seu alcance como comunicadora digital, levando sua mensagem de inclusão e amor pela educação para todo o país.

“Quero inspirar mais gente a acreditar que a escola pode ser um lugar seguro e transformador. Ah, e um dos meus sonhos é conhecer a Erika Hilton e aparecer no Fantástico, esse último eu adotei da minha amiga, mas achei fofo”, brinca.

Conselho para outros professores?

“Seja verdadeiro, seja humano, seja acolhedor. É isso que cria laços duradouros”, aconselha.

E para quem quiser ver um exemplo disso, Dani indica com carinho um de seus vídeos mais emocionantes: Surpresa Parte 2 – Comemoramos. “Ali estou vulnerável, mostrando o quanto sinto orgulho do que construímos. O afeto constrói bases sólidas para a vida inteira”. Confira o vídeo:

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Com brilho nos olhos, voz afetuosa e uma make sempre caprichada, Dani Sioline mostra que ensinar vai muito além do conteúdo, é sobre tocar vidas com a simplicidade de ser autêntica.

Docentes LGBTQIAP+ impactam positivamente o ambiente escolar

A presença de professores LGBTQIAP+ nas escolas tem contribuído para a construção de ambientes educacionais mais inclusivos e respeitosos à diversidade.

De acordo com dados da pesquisa “Diversidade e Educação”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) em parceria com a Aliança Nacional LGBTI+, 67% dos professores LGBTQIA+ já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente escolar, seja por parte de colegas, gestores ou responsáveis por alunos.

Apesar dos desafios, especialistas em educação afirmam que docentes assumidamente LGBTQIAP+ desempenham um papel importante na formação de alunos mais tolerantes e empáticos, especialmente aqueles que também integram grupos historicamente marginalizados.

A visibilidade desses profissionais pode favorecer o acolhimento de estudantes LGBTQIAP+, melhorar o clima escolar e contribuir para a redução da evasão. Instituições de ensino têm sido incentivadas a implementar ações de formação continuada para toda a equipe pedagógica, com foco em diversidade e direitos humanos, além da criação de canais seguros para denúncias de preconceito.

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