Terras raras: a guerra invisível por trás dos eletrônicos

Presentes em celulares, notebooks, carros elétricos, drones e até mísseis, os chamados elementos de terras raras estão por toda parte — inclusive no centro de uma das maiores disputas geopolíticas do século. Embora o nome sugira escassez, esses minérios são relativamente abundantes na natureza. O que é raro, de fato, é o controle sobre a extração e o fornecimento global dessas substâncias essenciais.Conteúdo Relacionado:Uso excessivo do celular: veja os malefícios e como prevenirPará lidera produção mineral e impulsiona economia nacionalImpacto da Mineração no desenvolvimento sustentávelEsse grupo é formado por 17 elementos químicos, entre eles o neodímio, o disprósio e o cério, que são fundamentais na produção de ímãs potentes, baterias, LEDs, componentes eletrônicos e sistemas de defesa. Eles também são parte essencial na fabricação dos chips semicondutores mais avançados do mundo — e aí começa a tensão global.Tecnologia e poderA produção de chips de alta performance depende de equipamentos de litografia extremamente sofisticados, como os do tipo EUV (Extreme Ultraviolet), desenvolvidos exclusivamente pela empresa holandesa ASML. Cada máquina custa mais de US$ 150 milhões e só pode ser vendida com autorização do governo dos Países Baixos — que, nos últimos anos, passou a restringir as exportações para a China, após pressão direta dos Estados Unidos.Essa movimentação faz parte de uma estratégia norte-americana para conter o avanço tecnológico chinês, especialmente no setor de defesa. Mas a China responde com força: o país domina entre 60% e 90% da produção global de terras raras e, desde 2024, impôs regras mais rígidas para a exportação desses minérios — dificultando o abastecimento da indústria mundial.Corrida por autossuficiênciaApesar dos bloqueios, a China não ficou de braços cruzados. Além de desenvolver tecnologias próprias, o país tenta driblar as restrições com acordos diretos com empresas estrangeiras. Um exemplo é o plano da ASML de abrir uma unidade de produção em Pequim, buscando manter presença no mercado chinês mesmo diante das sanções.Outro fator crítico é Taiwan, onde está sediada a TSMC, maior fabricante de chips do planeta. A ilha é reivindicada pela China, e qualquer ação militar contra o território poderia colocar em risco toda a cadeia global de semicondutores — o que geraria impactos drásticos em setores como o automotivo, aeroespacial e eletrônico.Disputa global, impacto cotidianoO que parece uma questão distante, entre potências mundiais e indústrias bilionárias, afeta diretamente o dia a dia de todos nós. A escassez desses minérios ou a interrupção no fornecimento de chips pode significar aumento de preços, atrasos em lançamentos tecnológicos e gargalos na produção de veículos, eletrodomésticos e equipamentos médicos.Quer saber mais de curiosidades? Acesse o nosso canal no WhatsAppNo fundo, a corrida por terras raras é muito mais do que uma disputa por recursos naturais — é uma batalha por controle, inovação e poder em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia. E os próximos capítulos prometem ser decisivos.
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