O desafio dos desertos

O futuro torna-se um tanto incerto quando efeitos dos desequilíbrios ambientais produzem desertos, como já se verifica nos municípios de Abaré, Chorrochó, Macururé e Rodelas, no Norte do estado.A esterilidade expõe o desalento, ampliando a sensação de contraste para quem antes tirava do solo feijão, milho e melancia, mas hoje não há milagre capaz de fazer germinar as sementes.Ao aborto da natureza, seguem a vida social e a economia igualmente esquálidas, no caso, por ausência de chuvas, em cenário de décimo inferno de Dante, quando o pasto raquítico e a alta temperatura desnutrem o gado à morte.A ambição por ampliar riquezas materiais, esquecendo-se do único bem verdadeiramente valioso, o tempo da vida, é a causa eficiente da falência total, substituindo-se a expectativa de um convívio pleno pela proximidade do fim.O rebaixamento, de “semiárido” para “árido”, é a consequência possível das constantes estiagens, ora irreversíveis, como revelou reportagem d’A TARDE, ao ouvir moradores e especialistas no tema agora tratado em clima de funeral.A escolha pela migração emergencial vem esvaziando povoados, confirmando-se a desdita em São José e Várzea da Ema, outrora produtores de manga, atualmente extinta a cultura, restando a tristeza do enfrentamento da fome para quem fica.O esforço de autoridades federais e estaduais reflete-se em apoio para projetos de irrigação como última forma antes de se fechar a derradeira cortina diante do cenário entristecedor provocado pelos maus tratos da ação humana sobre o planeta.O governo da Bahia tem atuado com a devida destreza e rapidez, ao elaborar um plano emergencial, distribuindo ração para alimentar as criações, além de oferecer cestas básicas a fim de reduzir o vácuo nos estômagos, desde crianças a idosos.Na falta de umidade, devido ao agravamento das condições climáticas, o Projeto Ser tão Vivo ressuscita a esperança, ao distribuir R$ 150 milhões em 49 municípios, na tentativa de deter a escalada de sofrimento.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.