Diesel da Petrobras cai 34,9% desde 2023, mas preço ao consumidor final recua apenas 3,18%

Desde janeiro de 2023, o litro do diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras ficou R$ 1,22 mais barato, uma queda de 34,9%. Considerando a inflação do período, o alívio seria de R$ 1,75. Atualmente, o valor médio cobrado pela estatal é de R$ 3,27. No entanto, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, a redução percebida pelo consumidor final foi de apenas 3,18%.

Em 2025, a Petrobras aplicou três reduções no preço do litro do diesel: R$ 0,17 em 1º de abril, R$ 0,12 em 18 de abril e R$ 0,16 em 6 de maio, totalizando R$ 0,45. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio cobrado nos postos passou de R$ 6,34 na semana de 23 a 29 de março para R$ 6,13 na semana de 4 a 10 de maio. A diferença foi de R$ 0,21, menos da metade da redução aplicada pela Petrobras.

A companhia afirma que não possui controle sobre os preços praticados por distribuidoras e postos. Os combustíveis no Brasil têm preços livres desde 2002. A Petrobras também não tem monopólio sobre a venda de diesel. Entre 2023 e 2025, sua participação no fornecimento variou entre 75,74% e 78,23%.

Segundo a ANP, a composição do preço do diesel nas bombas inclui: 47,4% relativos à Petrobras (diesel A), 12,1% de custo do biodiesel, 17,4% para distribuição e revenda, 17,9% de ICMS e 5,1% de PIS/Cofins.

Desde 2023, a Petrobras adota uma política de preços que considera custos internos, evitando repassar variações do mercado internacional. Com isso, os preços foram mantidos estáveis entre 27 de dezembro de 2023 e 1º de fevereiro de 2024, quando ocorreu o último reajuste para cima.

A empresa atribui a queda recente nos preços do petróleo internacional a medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos em 2025, que impactam a economia global. A política de preços da estatal visa manter competitividade e evitar perda de mercado para refinarias privadas.

O aumento do ICMS também interfere no preço final. Em fevereiro de 2025, o imposto subiu R$ 0,06 por litro, passando de R$ 1,06 para R$ 1,12. O reajuste foi definido pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que estabelece uma atualização anual da alíquota.

A Petrobras não atua mais na venda direta ao consumidor desde a privatização da BR Distribuidora, concluída entre 2019 e 2021. A Vibra Energia, atual detentora da marca BR, lidera o mercado com 23% de participação no setor de diesel em 2024. O contrato de venda permite o uso da bandeira BR até 2029.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa cerca de 45 mil postos no Brasil, afirma que a margem bruta da distribuição e revenda gira em torno de 15%, sem considerar o frete. Essa margem cobre despesas como salários, encargos, água, luz e manutenção dos estabelecimentos.

A Vibra Energia foi procurada para comentar as declarações da Petrobras, mas não se manifestou.

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