As redes sociais têm uma nova polêmica: os bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam recém nascidos. Vídeos publicados no TikTok e no Instagram mostram adultos tratando o brinquedo como crianças de verdade, agendando consultas médicas, dando mamadeira, trocando de roupa, levando para passear e até tentando usar assento e filas preferenciais. @yas_reborn Bento teve que ir para o hospital… Maternidade aos 18 anos #mãedereborn #bebereborn #maternidade #maternidadereal #pediatria #avent som original – Aqui é a yas! De um lado, há quem critique e até questione a sanidade dos adultos que supostamente têm tratado as bonecas como filhas “de verdade”. Já outra parte dos internautas aponta um suposto viés machista nos argumentos. “Me recuso a entrar na pauta do bebê reborn porque, na minha concepção, se tem homem de 40 anos vestindo camiseta do superman e colecionando action figure, tá mais do que liberado brincar de boneca”, escreveu um usuário do X.me recuso a entrar na pauta do bebê reborn porque, na minha concepção, se tem homem de 40 anos vestindo camiseta do superman e colecionando action figure, tá mais do que liberado brincar de boneca— daniel duncan (@daniduncan) May 12, 2025A polêmica chegou até o Congresso Nacional e motivou a elaboração de novo projeto de Lei, apresentado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 15. O texto prevê multa de até 20 salários mínimos para quem tentar conseguir, utilizando bebês reborn, qualquer tipo de benefício, prioridade ou atendimento previsto para bebês de colo. A proposta ainda precisa ser discutido e passar pela Câmara dos Deputados e o Senado. Se aprovada, vai para sansão ou veto presidencial.A reportagem não encontrou, até o momento, comprovações de que os casos de tentativa de atendimento em consultas pelo SUS e uso de assentos e filas preferências por carregar bebês reborn sejam reais ou apenas encenações para as redes.Segundo Daniela Baccan, sócia da Alana Babys, loja e fabricante de bebês reborn em Campinas (SP), a maioria das compras da boneca ainda são para crianças. “Não vou dizer para você que não tem (mulheres que tratam como criança). Tem, mas não é a maioria. É uma minoria, que geralmente faz isso para chamar a atenção, vender boneca também“, afirma.O que é um bebê reborn?Um bebê reborn é uma boneca hiper-realista feita artesanalmente. De acordo com Daniela, o modelo desde o começo dos anos 2000, mas tem sido aprimorado com novos materiais há cerca de três anos para, cada vez mais, se parecerem com bebês reais.
Bonecas bebê reborn são hiper-realistas e podem chegar a custar R$ 9,5 mil a depender do tipo de material utilizado e complexidade da fabricação. Foto: Felipe Rau/Estadão
Esse tipo de boneca pode custar entre R$ 750 e R$ 9,5 mil, a depender do material e da complexidade de produção. As mais caras são as feita de silicone sólido, material mais parecido com a pele de recém-nascido. Algumas têm até dispositivos que imitam batimentos cardíacos e/ou que permitem que o bebê receba mamadeira e “urine”, por meio de um cano interno.Os modelos mais básicos, feitos de vinil- material massivamente usado na fabricação de bonecas “normais”, mais rígidas -, são os mais em conta, com valores que partem de R$ 750. “Essas são as mais compradas para crianças, até porque os modelos de silicone são sensíveis e demandam cuidado”, diz a empresária.As bonecas podem ter diferentes características: cor de pele, dos olhos e até reproduzindo sinais físicos da síndrome de down. São utilizadas referências de bebês reais e, no caso dos modelos de silicone, desenhadas camada por camada, até formar cada dobrinha, unha e detalhe.
Bebê reborn da loja Alana Babys com características de crianças com síndrome de down. Foto: Felipe Rau/Estadão
Os cabelos, de pelo de cordeiro, são fixados fio a fio. Algumas bonecas acompanham ainda um cordão umbilical, também feito de silicone. Tudo pode ser personalizado.Para completar a brincadeira, na Alana Babys as bonecas ainda levam um enxoval de roupas e acessórios de bebês de verdade, uma “certidão de nascimento” e um cartão de vacinas, já com consulta marcada para a boneca retornar à loja para receber vacina e cuidados.