Latrocínio contra motorista de aplicativo: já são sete envolvidos presos, três outros identificados e um investigado. Um dos criminosos que participou do crime, onde vítima foi morta na área rural, é rio-clarense
Uma coletiva no final da manhã desta quinta-feira (15) na sede da Delegacia Seccional de Rio Claro deu detalhes da investigação que elucidou o latrocínio contra um motorista de aplicativo. Raphael Phillipe Alves Diniz, de 38 anos, foi morto a tiros com uma garrucha em uma área rural de Rio Claro. O corpo foi localizado na manhã de quarta-feira (14) em um canavial no Horto de Camacuã.
Quem era a vítima
Raphael Phillipe Alves Diniz trabalhava como motorista de aplicativo e morava na cidade de Pirassununga. Ele era descrito por amigos e familiares como um “paizão” e uma pessoa generosa, que deixava uma boa impressão em todos que o conheciam. Saiu para trabalhar e não voltou mais casa. Foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) e seu sepultamento aconteceu nessa quinta-feira (15) no Cemitério Bom Jesus, na cidade de Pirassununga.

O início de tudo
A vítima foi atraída por uma corrida falsa em Pirassununga por volta das 21h de terça-feira (13), solicitada pelo celular de uma jovem de 18 anos (uma das envolvidas). Logo na sequência esse motorista foi rendido por outros indivíduos que o fizeram refém dentro do carro. Estavam no automóvel da vítima, um Fiat Fastback vermelho, além de Raphael seis envolvidos.
Qual o motivo de atrair o motorista de aplicativo?
Segundo a investigação da Polícia Civil os envolvidos tinham uma dívida de R$ 6 mil com um dono de um bar em Pirassununga: “Os envolvidos afirmaram que o objetivo era realizar um roubo a residência na cidade de Araras. Atraíram o motorista de aplicativo, o renderam e saíram de Pirassununga e foram até Araras usando o carro dele e o levando junto. Ao chegarem nessa casa que seria alvo da ação notaram uma movimentação estranha e desistiram do roubo. Pelo fato de terem essa pendência financeira com o dono de um bar em Pirassununga que precisava ser paga decidiram então matar o motorista de aplicativo para roubarem o carro dele, vendê-lo no mercado paralelo, sanarem a dívida com o dono do bar e ficarem com o restante do dinheiro. Antes disso ainda pediram dinheiro para a vítima que não tinha. Conseguiram efetuar apenas dois saques que não totalizaram 450 reais”, pontuou Alexandre Socolowski – delegado da Delegacia de Investigações Gerais de Rio Claro.

O local do assassinato
Um dos envolvidos e que dirigia o veículo da vítima é um rio-clarense que atualmente estava morando em Pirassununga: “Foi ele quem deu a ideia do assalto a residência em Araras. Também provavelmente conhecia aquela região do Horto Camacuã onde a vítima foi executada, pois morou por muito tempo pelas imediações do Bonsucesso. Dentro do carro estavam seis envolvidos no assassinato mais Raphael que em nenhum momento reagiu. Mataram por extrema crueldade, sem motivo algum”, disse o delegado da DIG.
Em depoimento, o rio-clarense alegou que quando chegaram no canavial só ele permaneceu no carro, pois estava na direção e que acreditava que Raphael seria liberado, mas que logo na sequência ouviu disparos e os comparsas retornaram para o carro sem a vítima. Que acredita que o autor dos tiros matou porque estava “chapado”. Já quem matou Raphael disse a seguinte resposta ao ser questionado na delegacia: “Foi tipo queima de arquivo. Para ele não denunciar a gente depois”.

Após o crime
Com o motorista de aplicativo morto, parte dos envolvidos foi tentar negociar o carro da vítima. A ideia seria vender por R$ 50 mil. As investigações apontam que eles foram para Pirassununga com o dono do bar para qual deviam e ele indicou um local que poderia comprar em Porto Ferreira. De Porto Ferreira foram para Poços de Caldas (MG).

O trabalho da Polícia Civil
Quando o corpo foi encontrado no canavial na manhã de quinta-feira (15) a Polícia Civil iniciou uma corrida contra o tempo para elucidar o crime: “A partir do contato com a família que nos informou que ele era motorista de aplicativo e que havia saído para trabalhar e não retornado nós conseguimos a última solicitação de corrida que ele aceitou e notamos que a viagem foi interrompida, não foi concluída no trajeto solicitado. Percebemos então que foi nesse momento que o crime foi colocado em prática. O veículo da vítima também possui GPS de fabricação outro fator que nos ajudou a localizá-lo em Poços de Caldas. Por lá 5 envolvidos no caso foram presos. Um deles indicou que o autor dos disparos estava em Pirassununga, bem como a arma do crime. Em Pirassununga então prendermos o autor dos tiros, o dono do bar e localizamos a arma jogada em um saco de lixo”, revelou Dr. Socolowski.

Com a palavra, o Seccional
Participaram das operações, de forma exemplar, cerca de 40 policiais Civis e Militares do Estado de São Paulo e de Minas Gerais, por volta de 18 horas ininterruptas. Importante destacar a união interestadual das forças policiais. O sucesso da operação se deve exclusivamente a isso.
“É horrível a gente ter que trabalhar com casos assim, mas graças a Deus tivemos sucesso. A Polícia Civil de Rio Claro juntamente com a Polícia Militar de Pirassununga, Polícia Civil de Poços de Caldas, ou seja, muitos profissionais se envolveram no esclarecimento deste crime. O que chama muito a atenção além da crueldade é isso ter sido praticado contra um trabalhador, uma pessoa que batalhava para pagar suas contas. Não houve nenhuma sensibilidade e nem arrependimento demonstrado por parte dos envolvidos. Inclusive um deles entrou na cela dando risada. Eles conseguiram fazer uma hediondez dentro de um crime hediondo. Daquilo que já é inaceitável socialmente eles conseguiram criar uma nova categoria de inaceitabilidade”, declarou Paulo Hadich, delegado Seccional de Rio Claro.
Assista abaixo o vídeo completo da entrevista coletiva realizada pela Polícia Civil de Rio Claro.
Leia a notícia Motorista de app assassinado: “mataram por extrema crueldade, sem motivo algum”, diz Polícia Civil em Jornal Cidade RC.