Os golpes que usam inteligência artifial e como se proteger

A cada nova atualização tecnológica, golpistas também se aperfeiçoam. E com a Inteligência Artificial (IA), a ameaça deu um salto de sofisticação, cada vez mais difícil de identificar: vozes clonadas com perfeição, vídeos falsificados, fotos forjadas e mensagens simuladas como realistas, tudo com o objetivo de enganar, manipular e roubar dados e dinheiro das vítimas. Mas os prejuízos vão muito além do financeiro, atingindo também a privacidade e a confiança no ambiente virtual.De acordo com uma consulta do DataSenado em 2024, divulgada este ano, estima-se que mais de 40 milhões de pessoas perderam dinheiro em função de algum crime cibernético. Segundo Allan Costa, pós-doutor em Segurança Cibernética, doutor em Ciência da Computação, e especialista com atuação em consultoria, auditoria e investigação de crimes digitais há mais de 20 anos, os golpes baseados em IA evoluíram rapidamente, saindo de formas rudimentares para se tornarem estratégias de engenharia social automatizada.CONTEÚDOS RELACIONADOSCriminosos burlam biometria e invadem contas do Gov.brInformações pessoais divulgadas na web facilitam atos criminososConheça os riscos de tecnologias de reconhecimento facial“Hoje, destacam-se quatro categorias principais: deepfake de voz e vídeo; chatbots maliciosos; phishing inteligente; e geração de documentos falsos”, alerta Allan Costa, pós-doutor em Segurança Cibernética e doutor em Ciência da Computação.DeepfakesNo caso dos deepfakes, a tecnologia permite que criminosos imitem com precisão a voz de familiares, executivos ou autoridades, facilitando fraudes bancárias e extorsões. “Esses conteúdos são usados em fraudes bancárias, extorsões ou para enganar equipes de atendimento”. Já os chatbots maliciosos, “criminosos utilizam modelos de linguagem avançados, como os LLMs [em inglês, Large Language Models – que são os Modelos de Linguagem Grandes], para gerar respostas automáticas convincentes em redes sociais, simulando pessoas reais em tempo real”.PhishingOutro golpe em crescimento é o phishing inteligente, em que a IA estuda os padrões de escrita e comportamento digital da vítima para produzir e-mails e mensagens fraudulentas personalizados, enviando mensagens extremamente convincentes — o chamado spear phishing.Além disso, com o avanço das ferramentas generativas, criminosos conseguem produzir documentos falsos, forjando contratos, documentos públicos ou comprovantes, com nível de detalhamento que dificulta a detecção sem perícia especializada.Quer receber mais notícias direto no seu celular? Acesse o nosso canal no WhatsApp!DIANTE DE TANTA SOFISTICAÇÃO, COMO SE PROTEGER?O especialista afirma que a prevenção “exige uma abordagem multidisciplinar e constante atualização”, passando por medidas práticas e conscientização. Algumas práticas:Verificação multifatorial (MFA) – nunca confie apenas em voz ou mensagens para autorizar transferências ou acessos críticos. Autenticação em dois fatores deve ser padrão.Educação digital – é essencial que os usuários sejam treinados para reconhecer indícios de manipulação digital – como pequenos atrasos em chamadas de vídeo, incoerências de linguagem ou erros sutis em nomes e imagens.Uso de antivírus com proteção de IA – ferramentas modernas de segurança já incorporam detecção comportamental baseada em IA que ajuda a identificar anomalias nos acessos e dispositivos.Desconfiança inteligente – quando receber mensagens emocionais, urgentes ou fora do contexto habitual, mesmo que vindas de fontes confiáveis, adote uma postura crítica e investigativa.AGIR RAPIDAMENTECaso o golpe aconteça, é essencial agir rapidamente. A primeira orientação é “manter a calma e preservar evidências: salve prints, e-mails, números de telefone e qualquer dado envolvido”. Depois, registrar um boletim de ocorrência. “Busque uma delegacia especializada, como a Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Estado do Pará (DECCC) e faça o boletim de ocorrência”, orienta o cybersecurity.Ele também destaca a importância de, se houver transações, comunicar o banco, alterar senhas e alertar contatos em casos de vazamento de dados ou perfis clonados. “Bloqueios e reversões podem ser possíveis se forem comunicadas rapidamente. Altere suas senhas imediatamente, principalmente em e-mails, contas bancárias e redes sociais. Informe empresas e contatos afetados: em caso de vazamento de credenciais ou clonagem de perfil, comunique contatos e redes sociais rapidamente para evitar novas vítimas”.SAIBA MAISPara fortalecer o combate aos crimes digitais, Allan coordena o projeto SEC365, uma iniciativa da Ufra em parceria com a Universidade Federal do Pará (Ufpa), vinculada ao Instituto Sustentabilidade da Amazônia com Ciência e Inovação (iSACI). “Com o objetivo de fornecer atendimento à comunidade paraense e instituições públicas, oferecendo suporte técnico sobre golpes virtuais, fraudes digitais e crimes cibernéticos. Atuamos com educação, prevenção, investigação forense e resposta a incidentes”
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