| Foto:
Imagem ilustrativa/Canva
Se antes as comparações se resumiam ao que era visto nas escolas e televisão, hoje adolescentes estão expostos quase 24 horas ao que as redes sociais mostram como a “aparência perfeita”.Tanto que a pesquisa aponta que 70,6% dos estudantes sentem que poderiam melhorar a aparência quando estão nas redes sociais.“Nesse ambiente de exposição constante e comparação infinita, a aparência tornou-se uma espécie de moeda social. O espelho foi substituído por selfies, filtros e algoritmos, que não apenas mostram o que os jovens veem, mas moldam o que eles acreditam que deveriam ser para se sentirem aceitos”, analisa a neuropsicóloga Lícia Assbu.O medo da rejeição, ou a chamada “morte social”, segundo Lícia, torna-se um gatilho emocional poderoso. “Muitos adolescentes passam a acreditar que precisam atingir um ideal estético inatingível para serem amados, admirados ou, ao menos, incluídos”.Auriseane Gomes Soares, psicóloga e educadora parental, analisa que as redes sociais e o acesso precoce a elas reforçam os padrões de beleza e a competitividade na busca pela perfeição.“Os filtros do Instagram estão aí para provar isso. Não cabe mais quem não aparenta a perfeição. As meninas, principalmente, têm vivido uma era perigosa. Na busca por maquiagens, skincare e padrões de beleza ditados por influencers, a infância está ficando em segundo plano”.“Na sociedade onde magreza, maquiagem, corpos esculpidos e rostos modelados ganham holofotes, impossível que as crianças não adentrem o universo escolar com medo de não ‘pertencerem’ a essa engrenagem”, afirma Auriseane.A psicóloga Lara Vulpi deixa uma mensagem aos estudantes: “Vocês devem se inspirar em corpos reais, porque sabemos que na internet. muito do que chega até nós são edições, filtros e ângulos favorecedores. Isso não deve definir o seu valor”, aconselha.Opiniões
Fique por dentroComo a família pode ajudar?Evitar comentários negativos sobre o corpo dos filhos (e sobre o próprio corpo na frente deles).Incentivar a valorização de outras qualidades além da estética.Limitar o uso de redes sociais e promover momentos de conexão real, como brincadeiras, refeições sem telas e conversas profundas.Ouvir com empatia, sem julgamentos para que o adolescente se sinta seguro para expressar seus sentimentos.Observar sinais de sofrimento emocional e buscar ajuda profissional quando necessário.Os pais também podem ajudar a orientar sobre os padrões irreais de beleza, que são muitas vezes promovidos on-line.Também é importante que os pais sejam um exemplo de aceitação do próprio corpo, promovendo conversas sobre diversidade e respeito às diferenças.O que o educador pode fazer para acolher?Evitar julgamentos e comparações entre os alunos.Incentivar atividades que valorizem talentos diversos (criatividade, empatia, pensamento crítico, cooperação, e não apenas atributos estéticos).Promover rodas de conversa, projetos colaborativos e espaços de escuta emocional.Incluir práticas de educação socioemocional no cotidiano da escola, com foco em autoestima, respeito às diferenças e autorregulação emocional.Criar estratégias que ajudem crianças e adolescentes a desenvolverem um senso crítico sobre os conteúdos que consomem nas redes sociais.