Alagoas deu um passo firme rumo à inclusão ao lançar uma política pública inédita voltada à cidadania e ao acesso da população LGBTQIA+ ao mundo do trabalho. O anúncio aconteceu durante a abertura da 14ª Semana Estadual de Combate à LGBTfobia, nesta quinta-feira (02), no Palácio República dos Palmares, com a presença do governador em exercício, Ronaldo Lessa, e representantes de instituições públicas e movimentos sociais. A iniciativa marca o início de um novo ciclo de oportunidades e respeito, e prevê ações concretas de qualificação profissional e combate à exclusão.
O ponto central da cerimônia foi a assinatura do Termo de Cooperação nº 01/2025, celebrado entre a Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) e a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Qualificação (Seteq), que estabelece diretrizes para ações conjuntas de qualificação profissional e garantia de direitos da população LGBTQIA+.
A iniciativa prevê a disponibilização de cursos profissionalizantes voltados exclusivamente a pessoas LGBTQIA+, com formações nas áreas de culinária, pintura, serviços gerais e capacitação básica para o primeiro emprego.
Estado reconhece papel na promoção da dignidade
O governador em exercício, Ronaldo Lessa, destacou em seu pronunciamento o caráter humanista da medida, ressaltando a responsabilidade do Estado em combater todas as formas de exclusão. Em tratamento de saúde, Lessa fez questão de comparecer ao evento para reforçar pessoalmente o compromisso da gestão com a construção de uma Alagoas mais justa, plural e acolhedora.
“Mesmo enfrentando um momento de saúde delicado, com o tratamento de uma condição que exige cuidados e limitações, eu fiz questão de estar presente. Porque há lutas que não podem ser adiadas. E há causas que exigem a presença do Estado — não apenas com leis e programas, mas com a sua alma”, declarou.
A secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, destacou que a iniciativa representa um avanço concreto nas políticas públicas de diversidade, baseadas no respeito e na promoção da autonomia: “Essa é uma política estruturante. Estamos oferecendo oportunidades reais para pessoas que historicamente foram afastadas da escola, da família, do emprego. A assinatura desse termo é um marco para Alagoas”, afirmou.
Já o secretário-executivo da Seteq, Erik Andrade, frisou que a ação também dialoga com o momento econômico do estado: “O crescimento de Alagoas em geração de empregos e investimentos exige que pensemos em inclusão qualificada. Esse termo garante formação, acesso e proteção para que todas as pessoas tenham seu lugar no mercado de trabalho, com respeito e dignidade”, disse.
O gerente de monitoramento da Política LGBT do governo de Alagoas, Messias Mendonça, também celebrou o termo como parte de uma transformação concreta: “Esses cursos são para quem precisa de uma oportunidade real. São pessoas que, muitas vezes, foram expulsas de casa, não conseguiram acessar o mercado de trabalho, e agora vão poder conquistar autonomia com formação, apoio e dignidade. Isso aqui é o começo de uma virada”, explicou.
Participação nacional e agenda da semana
A cerimônia contou com a presença de representantes de Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Natal, além de ativistas e gestores ligados à maior Parada do Orgulho LGBTQIA+ do mundo, a de São Paulo.
A programação da 14ª Semana Estadual de Combate à LGBTfobia segue com uma programação diversificada que inclui seminários, oficinas, rodas de conversa e atividades culturais. As ações têm como foco o enfrentamento à violência, a ampliação da visibilidade e o fortalecimento das políticas públicas de proteção e promoção dos direitos da população LGBTQIA+ em Alagoas.
Discurso na defesa da dignidade
O pronunciamento de Ronaldo Lessa reafirma um princípio essencial na política contemporânea: a defesa incondicional da dignidade humana como fundamento de Estado.
O governador em exercício emocionou o público ao afirmar: “É importante que a gente faça isso dentro de casa. É importante que a gente cobre dos governos — seja ele qual for. E não se preocupe com a crítica. Não ter medo das críticas é parte do que nos permite continuar lutando. Esse governo quer fazer o melhor possível. Vim aqui hoje porque você sabe a coragem e a determinação que eu tenho — pra cobrar, pra que a gente não pare essa luta, que a gente respeite essa luta: homem e mulher ser o que eles quiserem ser. Que a gente lute por essas pessoas, pois cada criatura tem o direito de ser feliz”, disse.