Organização criminosa escondia fortuna em imóveis, carros de luxo e criptomoedas

Polícia Civil apreende12 veículos, como Porsche Panamera (à esquerda) e RAM Rampage Laramie (à direita),
além de joias e relógios. Operação foi realizada nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e de Minas Gerais

|  Foto:
Divulgação/PCES

Realizada em quatro estados de forma simultânea – Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais –, uma operação da Polícia Civil resultou na apreensão de 12 carros de luxo, cinco armas de fogo, além de joias, obras de arte e criptomoedas (moedas digitais).São investigadas 20 pessoas, entre elas cerca de 10 empresários, uma advogada e um coronel da reserva da Polícia Militar.No Estado, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão na Serra, em Vila Velha e Guarapari.Segundo o coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), delegado Alan Moreno de Andrade, os empresários atuam em diversos segmentos, a exemplo de compra e venda de veículos, materiais de construção e tecnologia da informação (TI).Um desses empresários, que atua na área de TI, foi preso em flagrante em uma casa em Jacaraípe, na Serra. Lá, foram encontradas armas sem registro.As investigações apontam que as principais atividades envolviam a prática de técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, como o smurfing – pulverização de grandes quantias em diversas contas bancárias –, compra e venda de imóveis e veículos de luxo, além da movimentação de recursos para áreas de fronteira, visando a aquisição de mais drogas e armas.“Essa investigação começou em 2023. Os dados (financeiros e patrimoniais) que a gente analisa são muito volumosos e hoje (ontem) conseguimos cumprir esses mandados de busca e apreensão. Foi uma operação muito exitosa e esperamos conseguir avançar no combate ao tráfico de drogas”, disse Alan Moreno.Quem também participou da operação foi o delegado Romualdo Gianordoli Neto, subsecretário de Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública.Ele contou que a Porsche Panamera apreendida na casa do empresário preso é avaliada em cerca de R$ 1,320 milhão, pela tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).“Os investigados integram uma organização criminosa e estavam ali para ganhar dinheiro pelo tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro. Estabeleceram várias empresas (a maioria de fachada) para lavar o capital. Poucos traficantes dessa organização têm ligação com o PCV (Primeiro Comando de Vitória)”, explicou Romualdo Gianordoli.R$ 104 milhões bloqueadosFechando o cerco contra a organização criminosa, foram pedidos 29 bloqueios de contas bancárias dos investigados, totalizando aproximadamente R$ 104 milhões, além de 17 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis.Assim, é possível identificar o valor que cada acusado movimentou, segundo o coordenador do Ciat, delegado Alan Moreno de Andrade. De acordo com ele, a missão agora é analisar o material apreendido, se entre os objetos há alguma réplica, por exemplo, das joias e obras de arte, como quadros.Posteriormente, os produtos são vendidos em forma de leilão e esse dinheiro volta em investimentos para reequipar a Polícia Civil.Sobre o coronel da reserva, o delegado disse que a polícia ainda está avaliando as informações que foram colhidas da residência dele.Quanto ao empresário preso, o delegado contou que na casa dele havia diversos veículos de luxo, muitos relógios e vinhos caros.A participação dos outros envolvidos e demais detalhes serão divulgados em breve, em entrevista coletiva. Os nomes dos acusados não foram revelados.A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Capixaba, informou que a Comissão de Prerrogativas da OAB-ES esteve presente na ocorrência de busca e apreensão para verificar se as prerrogativas profissionais estavam sendo respeitadas. “Tudo ocorreu legalmente, sem intercorrências”, disse, em nota.ENTENDAA operaçãoBatizada de Baest, a operação aconteceu no Estado, Paraná, Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, e contou com a participação de mais de 100 policiais civis de todo o Brasil.As investigações, iniciadas em 2023, envolveram análise de grande volume de dados financeiros e patrimoniais, segundo a polícia.Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão. No Espírito Santo foram 19, nos bairros Morada de Laranjeiras, Residencial Jacaraípe, Colina da Serra e Praia da Baleia, na Serra; Interlagos e Praia da Costa, em Vila Velha; e Santa Monica, Guarapari.O esquemaOs acusados usavam várias estratégias para “lavar o dinheiro” do tráfico de drogas. Na prática, transformavam dinheiro ilícito em lícito.A principal era pegar uma “grande quantia” de dinheiro, pulverizar em diversas contas menores e depois aglutinar esse montante em uma conta destino; ou então, comprar e vender de imóveis e veículos.outra forma era encaminhar o dinheiro para regiões de fronteira com o Paraguai, a exemplo de Guaíra/PR e Mundo Novo/MS, além de Eldorado/MS. Lá, eles compravam mais drogas e armas e abasteciam o tráfico capixaba.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.