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Imagem ilustrativa/Canva
Comportamento compulsivo que interfere na rotina diária, prejudica relacionamentos e compromete a saúde física e mental da pessoa, além de gerar sofrimento para si e para outros. Assim é definido o vício.No Espírito Santo, mais de sete mil pessoas buscaram tratamentos e internações para enfrentar os efeitos de drogas, álcool e outros problemas mentais. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostram que no ano passado 2.989 adultos foram internados por questões de saúde mental. Em Vila Velha 953 pacientes estavam em acompanhamento regular nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e em Cariacica 3.131 foram atendidos pelo Programa de Álcool e outras Drogas nos últimos quatro meses de 2024. No Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas de Vitória, são atendidas, em média, 260 pessoas por mês. Neste ano, dados do Painel Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que há 310 processos ativos em relação à internação compulsória, involuntária e voluntária no Tribunal de Justiça do Estado. Há também os que são atendidos no Programa Estadual de Ações Integradas Sobre Drogas, a Rede Abraço. “Majoritariamente quem nos procura são homens, embora tenha crescido a procura por mulheres, numa faixa etária que vai dos 20 aos 45 anos. Aqui só aceitamos quem deseja fazer o tratamento e a procura é bastante alta por quem quer tratar a dependência em álcool e crack”, explicou o subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas, Carlos Lopes. O número pode ser bem maior, considerando que há pacientes, por exemplo, dependentes de jogos e celulares que têm procurado ajuda médica em busca de tratamento. “A internação é indicada se há risco para a vida da pessoa, incapacidade de manter a abstinência em ambiente externo ou necessidade de desintoxicação supervisionada”, explica a psiquiatra Letícia Mameri, diretora da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes). “Para vícios comportamentais (como jogos ou uso excessivo de celulares), é menos comum, mas pode ser considerada em casos graves que exigem supervisão intensiva”. Em um dos casos, segundo a médica, um adolescente de 15 anos fugia de casa para jogar com o dinheiro dos pais. Foi indicada a internação, mas a família não aceitou. “A intervenção profissional é indicada quando o vício causa sofrimento significativo ou impede a pessoa de viver de forma saudável e funcional”, destaca.Onde buscar ajuda?EntradaA porta de entrada para o acompanhamento em saúde mental se dá pela atenção primária, ou seja, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do território de moradia das pessoas. Existem no Estado 45 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de clínicas particulares.VitóriaPossui um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD), que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. A porta de entrada preferencial é a partir da unidade de saúde, o local também funciona como “porta aberta”, além de outros CAPS.Vila VelhaDeve procurar a Unidade de Saúde da Família para depois de avaliado ser direcionado ao CAPS.Cariacica Conta com o Programa Municipal de Álcool e outras Drogas (PROMAD), que tem como porta de entrada as unidades de saúde.Rede AbraçoCAAD Vitória. Rua Treze de Maio, 47, Centro.CAAD Cachoeiro de Itapemirim. Rua Dr. Raulino de Oliveira, 56, Centro.CAAD Linhares. Av. Hans Schmoger, 333, Nossa Sra. da Conceição.Fonte: Locais consultados.Diferença nas formas de internação1. Internação voluntáriaA pessoa que solicita voluntariamente a própria internação, ou que a consente. Deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.Geralmente ocorre em casos de dependência química, transtornos mentais ou outras condições em que o indivíduo reconhece a necessidade de auxílio profissional.A pessoa tem o direito de solicitar a alta quando desejar, respeitando o parecer médico, se houver riscos envolvidos.2. Internação involuntáriaÉ a que ocorre sem o consentimento do paciente e a pedido de terceiros.Geralmente, são os familiares que solicitam a internação do paciente, mas é possível que o pedido venha de outras fontes. O pedido tem que ser feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra.A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público do estado sobre a internação e os motivos dela.O objetivo é evitar a possibilidade de que esse tipo de internação seja utilizado para o cárcere privado.3. Internação compulsóriaNesse caso não é necessária a autorização familiar. A internação compulsória é sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a própria condição psicológica e física.O juiz levará em conta o laudo médico especializado, as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e dos funcionários.Saiba maisAções na Justiça pedindo internações*Internação compulsória: 222Internação involuntária: 76Internação voluntária: 12Obs.: Até 31/03/2025.Vitória260 pessoas são atendidas por mês no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas de Vitória (CAPS AD).Vila Velha953 pacientes estavam em acompanhamento regular nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em 2024.Cariacica3.131 pacientes foram atendidos pelo Programa de Álcool e outras Drogas nos últimos quatro meses de 2024.Obs.: Serra e Viana não responderam até o fechamento da reportagem.Fonte: CNJ e prefeituras consultadas.