Secretário atribui violência na Zona Oeste de Natal a guerra entre facções por território

O secretário estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Araújo afirmou que o aumento dos confrontos violentos na Zona Oeste de Natal está diretamente relacionado à disputa territorial entre facções criminosas. Ele detalhou, nesta quarta-feira 14, as ações do governo para conter a expansão do crime organizado na área e afirmou que as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal trabalham de forma integrada.

“Essas organizações criminosas visam dominar territórios. O confronto é um jogo de interesses entre elas. Em locais onde acontece ou está acontecendo, intensificamos as ações de polícia ostensiva, inteligência e investigação. Cidade Nova, Felipe Camarão e Nova Cidade (bairros de Natal) estão tendo, diariamente, uma presença maior na parte ostensiva. A Polícia Civil, junto com a Força-Tarefa, está trabalhando ações de inteligência para ter uma ação maior na região”, explicou Araújo, em entrevista à 98 FM.

Ele citou o caso de João Dias, município de 10 mil habitantes no Alto Oeste potiguar e que ganhou destaque nacional por conflitos entre facções. Confirmou que as forças de segurança têm intensificado operações nas regiões mais afetadas, o que incluem policiamento ostensivo e trabalhos de inteligência e investigação. “Estamos enfrentando, prendendo, fazendo confronto quando necessário e apreendendo armas e drogas em todo o território”.

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O secretário revelou ainda que toda a frota de viaturas policiais foi renovada, substituindo veículos desde 2014 por modelos novos distribuídos em todas as cidades potiguares. “Temos viaturas novas em todos os bairros e comunidades”. A Polícia Civil recebeu reforços em equipamentos de investigação para fortalecer o combate às organizações criminosas.

Araújo explicou o motivo de não identificar publicamente as facções em atuação no RN: evita dar visibilidade aos grupos. “Não damos nomes às organizações criminosas. Muitas vezes, as pessoas nomeiam, mas nossa posição é enfrentar todas que possam se estabelecer e afrontar a população”.

E revelou que os números do crime organizado no RN seguem sendo monitorados pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que coordena as ações entre as diferentes forças. O órgão utiliza câmeras de monitoramento em Natal e região metropolitana, com planos de expansão para outras cidades.

Secretário nega milícia no RN e cita corregedorias

Coronel Araújo ainda negou a existência de milícias no Estado e destacou mecanismos de controle interno. Ao falar sobre possíveis paralelos com casos do Rio de Janeiro e São Paulo, onde há envolvimento policial com o crime, ele citou corregedorias fortalecidas e formação rigorosa como barreiras contra desvios.

“Temos corregedorias mais fortalecidas com as novas leis orgânicas da PM e PC. Qualquer desvio, de qualquer graduação, é investigado e responsabilizado”, afirmou. Segundo ele, nos últimos anos, vários casos foram apurados e tornados públicos. O secretário destacou que todos os novos integrantes das forças de segurança precisam ter curso superior e reconheceu que há casos isolados de desvios, como em qualquer profissão.

Já sobre recentes afastamentos de policiais por excesso em operações, Araújo afirmou que a requalificação profissional é constante. “O nível atual atende à sociedade, mas mantemos o zelo na formação”. Ele não citou números específicos de punições, mas mencionou que muitos casos já foram divulgados.

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