Bolsonaro admite que conversou sobre estado de sítio com comandantes após perder eleição

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta quarta-feira 14, em entrevista ao UOL, que conversou sobre estado de defesa e de sítio com comandantes das Forças Armadas após a derrota na eleição de 2022.

Bolsonaro disse que, após o TSE rejeitar os recursos do partido dele, o que restou foi “conversar com as pessoas de confiança mais próximas”. “Por que com os comandantes militares? É o meu círculo de amizade, eu fui militar”, respondeu.

Ele disse ter questionado ao comando militar quais seriam as possibilidades para ele “dentro das quatro linhas da Constituição”. “Aí está a resposta do comandante Freire Gomes [de possibilidade de estado de defesa e de sítio]. O que foi discutido, hipóteses de dispositivos constitucionais. Algum problema nisso?”, falou.

Relatório da PF aponta que o único comandante que teria topado o golpe seria o almirante da Marinha, Almir Garnier, que também é réu no STF. Bolsonaro negou que esse tenha sido o caso.

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“O comandante da Marinha era o que menos falava. O que ele falava, de vez em quando, era ‘dentro das quatro linhas, estou junto’. Por causa disso, ele estaria favorável a um ato antidemocrático? Outra coisa, você discutir hipótese de dispositivos constitucionais e isso é antidemocrático? Eu acredito que é antidemocrático porque o TSE fez comigo.”

O ex-presidente já tinha dito que “estado de sítio foi estudado”, mas rejeitou que tenha tentado um golpe de Estado. Em março deste ano, ele se tornou réu no STF por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa armada.

Agora, uma ação penal é instalada, processo em que há audiência de testemunhas e produção de provas. Só ao final dessa etapa é que o ex-presidente pode ser culpado ou absolvido.

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