Relação com bolsonarismo rendeu críticas a Divaldo Franco; relembre

O líder espírita Divaldo Franco morreu aos 98 anos na noite de terça-feira, 13, em Salvador, por conta de uma falência múltipla dos órgãos. Em seus últimos anos de vida, o médium se envolveu em polêmicas na política relacionadas a sua aproximação com Jair Bolsonaro.Em 2022, o ex-presidente visitou a Fundação Mansão do Caminho, instituição de caridade fundada pelo líder espírita na capital baiana, e deu a Divaldo uma Insígnia da Ordem do Rio Branco em reconhecimento pelo trabalho social desenvolvido na instituição. As imagens da visita viralizaram e renderam críticas entre seguidores do espiritismo.

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“Eu e muitos outros companheiros de doutrina espírita jamais aceitaríamos algo semelhante vindo de um presidente que desrespeita a vida com declarações escancaradamente machistas, homofóbicas, racistas e misóginas”, afirmou o escritor e expositor espírita Marcelo Teixeira, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense na época.Antes da visita a fundação, Divaldo Franco já havia demonstrado apoio a Jair Bolsonaro. “Não acompanho política, mas não sou covarde e expresso minhas opiniões. O atual presidente representava uma esperança, apesar de eu não aprovar seus discursos a favor da tortura”, afirmou ele em 2019 em entrevista à Veja São Paulo.Atos do 8 de janeiroOutro episódio que fez a liderança religiosa de Divaldo Franco ser questionada foi a crítica que ele fez às prisões dos envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Em fevereiro daquele ano, uma declaração do médium feita durante uma palestra gerou forte reação entre a esquerda e religiosos.“Estamos vendo aí leis absurdas, prisões estúpidas sem julgamento. Como é que pegam pessoas na rua, botam no ônibus e levam para a cadeia? ‘Ah, mas são terroristas’. Mas ninguém estava com revólver, nem faca, nem canivete, nem Gilette, nem cortador de unha. Não tinha nada.””Foi uma declaração lamentável de alguém que vem demonstrando nos últimos cinco anos um posicionamento de extrema direita, algo estranho para quem vinha ao longo dos anos repetindo que não se deve falar de política nas casas onde se pratica a religião”, disse o engenheiro e membro da coordenação do grupo Espíritas à Esquerda, Sérgio Maurício Pinto, para o colunista Chico Alves em publicação ao Uol.Até o momento da publicação desta matéria, Jair Bolsonaro não havia se manifestado sobre a morte do líder religioso.Lacuna?Para o médium e colunista de A TARDE, José Medrado, Divaldo Franco é a segunda maior referência do movimento espírita brasileiro de todos os tempos, ficando atrás apenas de Chico Xavier, um dos mais importantes líderes do espiritismo, morto no dia 30 de junho 2002.Questionado se a morte de Divaldo deixará uma lacuna a ser preenchida no movimento espírita, Medrado respondeu que não, já que o “Semeador de Estrelas” foi único e seu legado e ensinamentos ficarão para sempre.”Honestamente, não. Sabe por quê? Eu vou lhe dizer, o espiritismo não é hierarquizado, os trabalhadores são autônomos nas suas funções, nos seus ofícios de pregação e, inclusive, na conduta das suas instituições. Então, não existe substituir ou substitutos. Quando o Chico também desencarnou, [perguntaram]: e aí quem vai [substituir?]. Não existe uma lacuna a ser preenchida”, concluiu ele.

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