A doença do refluxo gastroesofágico afeta cerca de 20% da população semanalmente e pode evoluir para quadros graves, como úlceras, estenose e até câncer de esôfago. O alerta foi feito pelo médico gastroenterologista José Gurgel durante entrevista à rádio 94 FM. Segundo ele, a frequência dos casos cresceu junto com a obesidade e a mudança nos padrões alimentares da sociedade.
“70% da nossa população ou tem sobrepeso ou obesidade. Isso aumentou o número dos pacientes com refluxo, com azia”, afirmou. “Se você tem 80 kg, 1,80 m, você vai ter essa exposição de ácido no seu esôfago. Se você aumenta 10 kg, 20 kg, você vai ter mais tempo de ácido no seu esôfago. Então, emagrecer é fundamental.”
A azia, principal sintoma da doença, é sentida por 20% a 30% das pessoas ao menos uma vez por mês, sendo diária em até 5% da população. “Antes de tudo, é bom contextualizar que refluxo, azia, é um sintoma muito frequente. Acredita-se que 50% das pessoas terão azia em algum momento da vida”, disse Gurgel.
Entre as causas estão a disfunção da válvula chamada esfíncter inferior do esôfago, o retorno do ácido estomacal e o consumo excessivo de alimentos que afetam esse mecanismo. “Chocolate, café, bebida alcoólica, pimenta, refrigerantes, todos esses alimentos podem aumentar a secreção ácida e diminuir a pressão do esfíncter.”
Sobre os tratamentos, o médico explica que envolvem mudanças alimentares, perda de peso e o uso de medicamentos. “Evitar comer e se deitar logo em seguida, fazer grandes refeições à noite. Em determinados casos, levantar a cabeceira da cama. Quanto aos medicamentos, temos os omeprazoides, como o omeprazol e pantoprazol, que são os mais prescritos no mundo.”
Gurgel também comentou sobre outras abordagens que circulam nas redes e entre pacientes, como o uso de água com limão ou espinheira-santa. “Não existe nenhum estudo na literatura médica falando que água com limão é benéfico. A espinheira-santa foi estudada, sim, mas o trabalho tem uma série de inconsistências metodológicas científicas. Então, você está fazendo uma má ciência, uma pseudo-ciência.”