Em 10 anos, Pará reduziu número de homicídios em 25,3%

O Pará está entre as unidades federativas que apresentaram reduções sistemáticas das taxas de homicídios nos últimos anos. O Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, registrou que, no período de uma década (entre 2013 e 2023), foi registrada a redução de 25,3% no número de homicídios em território paraense. Considerando a comparação entre os anos de 2022 e 2023, esta queda foi de 12,4%.Os especialistas em segurança pública que compõem o Fórum atribuem essa queda nas taxas de homicídios ao que chamam de uma “revolução invisível” no setor, que está substituindo o policiamento ostensivo por, entre outras ações, a implementação de programas de prevenção multissetoriais, em alguns Estados.CONTEÚDOS RELACIONADOSTransporte público em Belém: veja como emitir ou renovar passesSeis pessoas são presas por extorsão e tráfico em BarcarenaEstudo mapeia violência sexual infantojuvenil no ParáEntre esses programas, o relatório destaca o “Territórios da Paz”, implementado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, em 2019, logo no início de sua gestão no primeiro mandato. “Quando consideramos os cinco estados que apresentaram reduções sistemáticas das taxas de homicídio a partir de 2016 e 2017, todos eles passaram a adotar programas e planos estratégicos”, destaca o texto.“Evidencia-se que na década passada o Brasil despertou para a necessidade de mudar a forma de fazer segurança pública, de uma maneira inercial, baseada no improviso e centrada meramente no policiamento ostensivo, para um paradigma baseado em planejamento e boa gestão orientada por resultados e pelas evidências quanto ao que funciona”, revela o relatório.Quer mais notícias de polícia? Acesse o nosso canal no WhatsAppJunte-se a essa iniciativa, segundo o FBSP, ações como gestão por resultados, inteligência policial, entre outras, que fazem parte do projeto de segurança pública implementado no EstadoO secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), Ualame Machado, destaca que a redução dos índices de criminalidade é fruto de uma atuação coordenada. “O combate à criminalidade é uma constante no nosso trabalho. O resultado vem da união entre o policiamento ostensivo, ações de inteligência e os investimentos robustos do Estado. Nosso objetivo é manter essa tendência de queda e garantir mais segurança e paz social à população paraense”, afirmou Machado. Em 2013, ano que é referência para ser comparado aos dados do relatório, a taxa de homicídios registrados por 100 mil habitantes no Pará era de 42,5 mortes. Em 2017, o Estado do Pará atingiu seu ápice neste triste índice: com 54,6 mortes por cada grupo de 100 mil, o Pará foi o 4º estado mais violento do Brasil, pulando para um inédito 2º lugar em 2018, ficando atrás apenas do Ceará.JOVENSOutro destaque que consta no relatório Atlas da Violência é a queda nos homicídios de jovens entre 15 e 29 anos no Pará. Na comparação do ano de 2018 com 2023, a redução na taxa de homicídios é de – 51%. No número de assassinatos na faixa etária por grupo de 100 mil habitantes, foi registrada queda de 50,2% (variação de 2018 a 2023). Em 2018 o número de mortes nesta faixa chegou a 201,6 por 100 mil/hab – entre as 10 maiores do Brasil – reduzindo para 98,2 em 2023. Considerando apenas os homens jovens de 15 a 29 anos, de 2018 para 2023 houve queda de 50,7%.O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, no contexto do país, ao longo dos onze anos de análise (2013-2023), os 312.713 homicídios de jovens resultaram em uma perda de 14.788.282 anos potenciais de vida, de acordo com o Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVPs) , metodologia que usa como base, a diferença entre a idade no momento do óbito e a expectativa de vida calculada pelo IBGE.Os acidentes, como a segunda causa mais frequente de mortes entre os jovens brasileiros, foram responsáveis por 7.285.862 anos potenciais de vida perdidos, o que demonstra que os homicídios retiraram aproximadamente o dobro de APVPs em relação aos acidentes. No caso de homicídios entre jovens, a idade de vinte anos foi a que registrou o maior número de APVPs, totalizando 1.302.246 anos perdidos, indicando que os jovens no início da juventude suportam o maior fardo da violência.MULHERESO índice geral divulgado pelo Atlas da Violência mostra que a taxa de homicídios de mulheres no Pará também registrou queda de -6,5%, colocando o Estado entre as 15 unidades federativas que apresentaram redução nesse tipo de crime.Por outro lado, em 10 estados brasileiros essa taxa de homicídios aumentou, sendo que as maiores taxas feminicídios foram registradas em estados da região amazônica, com Roraima no topo, com 10,4 homicídios a cada 100 mil mulheres, seguido por Amazonas e Rondônia, ambos com 5,9.As mulheres negras são as que mais morrem de forma violenta, com 7 casos a cada 10 mulheres assassinadas. Dos 3.903 casos registrados em 2023, 2.662 eram negras, o que representa 68,2% do total. A taxa de mortes de mulheres negras é de 4,3, enquanto é de 2,5 para as mulheres não negras.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.