A crescente digitalização da sociedade acende um alerta para a sofisticação das técnicas utilizadas por criminosos, incluindo a Inteligência Artificial (IA), para capturar dados e informações confidenciais de usuários da internet. Segundo a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP), só em 2024 o Brasil registrou 5 milhões de fraudes cibernéticas, um aumento de 45% em relação a 2023.O engenheiro da computação e professor de IA, Fábio Lobato, explica que as informações pessoais que são divulgadas nas redes sociais podem facilitar os atos criminosos. “Um exemplo são pessoas que postam a foto dos filhos com uniforme de escola. Esses dados são sensíveis e podem facilitar golpes como o falso sequestro, com base nessas informações”, disse o especialista. Outro ponto é o preenchimento de formulários virtuais, sem a preocupação com o destino destas informações.CONTEÚDOS RELACIONADOSConheça o truque que permite ver mensagens apagadas no WhatsAppSaiba como identificar se o seu celular é espionado por alguémSer educado com a IA melhora interação, mas gera problema graveCUIDADO EM DOBROOs golpes mais comuns identificados pela ADDP foram os bancários e o chamado phishing, quando alguém se passa por uma instituição confiável para obter informações como senhas e números de cartões de crédito. Com o uso de IA, o cuidado precisa ser redobrado para não cair em armadilhas digitais. “Aqui no Brasil já existem golpes onde a voz das pessoas é imitada com o uso de inteligência artificial. Normalmente são pessoas famosas, onde o timbre de voz é copiado para aplicar o golpe”, acrescentou.Nesse caso, criar códigos entre os familiares pode ser uma alternativa ao suspeitar de um golpe. Por exemplo, pedir para confirmar o nome da fruta favorita, o nome de um animal ou qualquer informação que somente uma pessoa próxima saiba. Aplicativos como WhatsApp e o Facebook oferecem uma confirmação em duas etapas. Funciona assim: se o usuário faz o login em uma máquina desconhecida, o acesso só é liberado por meio de uma segunda confirmação. Pode ser o número de celular pessoal, e-mail ou outra funcionalidade. Caso a identidade não seja confirmada, o acesso é negado.“As pessoas acabam vivendo no automático e não refletindo sobre determinadas práticas e passando informações confidenciais. Em grande parte, esses códigos são só seis números, mas a dor de cabeça por compartilhar essas informações é muito alta”, frisou Lobato. Desde 2022, está em vigor a Emenda Constitucional 115, que inclui a proteção de dados pessoais entre os direitos e garantias fundamentais. Segundo os parlamentares, a legislação reforça a liberdade dos brasileiros e a privacidade do cidadão, além de favorecer os investimentos em tecnologia no país.Quer ver mais notícias? Acesse nosso canal no WhatsAppLGPDAlém do dispositivo constitucional, o Brasil possui a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que dispõe sobre a proteção dos direitos fundamentais de liberdade e privacidade das pessoas naturais e estabelece regras para o uso e compartilhamento de dados. A lei prevê sanções administrativas para as empresas, órgãos públicos e funcionários que descumprirem as normas de proteção de dados. As penalidades incluem multas que podem chegar a 2% do faturamento da empresa, limitadas a um total de R$ 50 milhões por infração. A multa pode ser aplicada em caso de coleta de dados sem consentimento, tratamento inadequado de dados, compartilhamento com terceiros sem autorização, entre outras infrações.Para evitar o vazamento de informações ou golpes, a dica do professor é evitar ao máximo compartilhar dados de senhas e contas bancárias, por meio de aplicativo de mensagem. “Sempre que possível aderir à verificação de duas etapas e biometria nos aplicativos que permitem essa modalidade. Desconfie sempre quando alguém entrar em contato para pedir informações, principalmente quando se tratar de bancos”, finalizou.
Informações pessoais divulgadas na web facilitam atos criminosos
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