Um vídeo gravado em Candeias, no Centro-Oeste de Minas Gerais, tem encantado internautas nas redes sociais. As imagens mostram um grupo de cachorros de rua que costuma ficar em uma praça próxima à igreja da cidade. Quando a música de Nossa Senhora começa a tocar, os cães mudam de comportamento.
Às 18h, quando a música e o sino tocam, os cães se levantam e vão até a porta da igreja. Lá, ficam atentos e começam a latir, como se estivessem participando de um momento de fé e devoção.
O morador que gravou o vídeo disse que o comportamento dos cães não é coincidência. Ele conta que a ‘procissão’ se repete todas as vezes que a música toca, como um verdadeiro ritual dos ‘fiéis de quatro patas’.
“Isso é todos os dias. É uma coisa muito interessante”, disse o homem no vídeo.
A Associação de Proteção aos Animais de Candeias publicou o vídeo nas redes sociais. A publicação viralizou. São quase 180 mil curtidas e quase 7 mil comentários.
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“A ciência acharia uma explicação para o fenômeno. Mas eu tenho certeza que estão adorando a Virgem Maria”, escreveu uma seguidora.
Outros perfis chamaram atenção para os cuidados com os animais e adoção. “Que esses cachorros ganhem um lar”, comentou uma seguidora.
O que explica o comportamento?
Para o médico veterinário Gabriel Dutra, coordenador dos cursos de Medicina Veterinária da Faculdade Una Divinópolis e Una Bom Despacho, esse tipo de reação é mais comum do que se imagina.
“Essa situação é super normal. Animais podem reagir a estímulos sonoros como a música da igreja, o badalar do sino, ou até mesmo sons como o do caminhão do gás ou do carrinho de picolé. Isso pode gerar comportamentos como esse que vemos no vídeo”, explicou.
Ele explicou que vários fatores podem influenciar, desde o volume e a frequência do som, até o fato de um cão reagir primeiro e os outros imitarem.
“Às vezes, um dos cães tem uma alteração de comportamento por causa do som, e isso estimula os demais a fazerem o mesmo. É algo que pode se repetir e até virar um condicionamento: todo dia, no mesmo horário, com o mesmo estímulo, eles repetem a ação. Pode ser ansiedade, excitação ou simplesmente curiosidade provocada por algo diferente”, completou.
Ainda que a ciência explique, a cena não deixa de tocar o coração de quem assiste, é uma mistura de sensibilidade, fé e empatia canina que tem feito muita gente acreditar que os laços entre espiritualidade e natureza são mesmo especiais.