Começam amanhã, no bairro de Nazaré, as escavações do antigo Cemitério do Campo da Pólvora do Desterro, utilizado no século XVIII para o sepultamento de povos escravizados e onde funciona um estacionamento.O lugar foi localizado por meio da pesquisa de doutorado da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a autorização foi dada no último mês. Como forma de celebrar a memória das pessoas enterradas, um ato interreligioso irá iniciar o trabalho.A escavação tem previsão de durar até 10 dias e contará com uma equipe de 10 profissionais, incluindo arqueólogos, historiadores, e pesquisadores.O evento de abertura, às 10h, deve reunir representantes de diferentes religiões, que terão como foco discutir sobre o impacto que a pesquisa tem para o local e formas de garantir o respeito aos que foram sepultados ali.“O ato será uma reparação espiritual, como forma de honrá-los, garantindo que não mais sejam esquecidos”, conta a arquiteta e urbanista Silvana Olivieri, autora da pesquisa.A decisão de promover o ato foi tomada em reunião, na última quinta-feira, pelo Ministério Público da Bahia (MPBA), com responsáveis pelo trabalho e representantes religiosos. Segundo os relatos, além dos escravizados, o cemitério teria sido utilizado para enterrar indígenas, prostitutas, suicidas, excomungados, perseguidos religiosos e lideranças de revoltas populares.Conforme explica Jeanne Dias, coordenadora da equipe de arqueologia responsável pelo projeto, a escavação terá caráter diagnóstico. O processo ainda vai contar com etapas de documentação e demarcação do território e localização dos corpos.“Vamos abrir as trincheiras, para vermos o comportamento das camadas do solo e saber a partir de que nível ela é interessante arqueologicamente. Após isso, começamos a escavar com pequenas pás, retirando os sedimentos, e pincéis, quando estivermos perto dos indivíduos”, explica Jeanne.*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
Escavação de antigo cemitério no Campo da Pólvora tem início
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