Endometriose e o câncer ginecológico


Entendendo os riscos e a necessidade de acompanhamento médico O acompanhamento ginecológico regular é crucial para a detecção precoce e tratamento eficaz da endometriose e dos tumores na região
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A endometriose é uma condição ginecológica inflamatória crônica que afeta cerca de 6 milhões de mulheres no Brasil. Caracteriza-se pelo crescimento do tecido endometrial fora do útero, em órgãos como ovários, trompas, intestino e peritônio, causando sintomas como cólicas intensas, dor ao urinar ou evacuar e dores durante as relações sexuais, além da possibilidade de dificuldade para engravidar. Por outro lado, mais de 30 mil casos de câncer ginecológico são diagnosticados anualmente no Brasil, destacando a importância da conscientização e prevenção dessas condições.
O diagnóstico da endometriose é geralmente realizado através de ultrassonografia ou ressonância pélvica com preparo intestinal, que permitem uma avaliação detalhada das áreas afetadas. Para o diagnóstico de câncer ginecológico, são utilizados: exame físico pélvico, exames de imagem e, em alguns casos, biópsias. A consulta regular com um ginecologista é fundamental para a detecção precoce tanto da endometriose quanto dos cânceres ginecológicos, aumentando as chances de tratamento eficaz.
O tratamento de ambas é personalizado, levando em conta os sintomas, a intensidade da dor, estádio da doença e o desejo gestacional.
Uma pergunta muito comum no consultório é se a endometriose pode se transformar em câncer. Estudos epidemiológicos indicam que mulheres com endometriose têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer de ovário, especialmente os subtipos endometrióide e de células claras. No entanto, esse risco é baixo, em torno de 1 a 2%, e a maioria das mulheres com endometriose não desenvolverá câncer de ovário. Importante destacar que não existe comprovação científica que a endometriose possa aumentar o risco de câncer de útero (endométrio).
Apesar das semelhanças no crescimento celular fora do útero, a endometriose e o câncer de ovário têm origens e comportamentos distintos. A endometriose é uma condição benigna, enquanto o câncer envolve o crescimento de células malignas. Em mulheres com endometriose, a transformação maligna é rara, e os mecanismos exatos que ligam endometriose ao aumento do risco de câncer de ovário ainda estão sendo estudados. A inflamação crônica e as alterações hormonais são alguns fatores possivelmente envolvidos.
Estudos mostram que, para mulheres com endometriose que eventualmente desenvolvem câncer de ovário, o prognóstico tende a ser melhor do que para aquelas sem histórico de endometriose. Ainda assim, não há evidências suficientes para justificar o rastreamento periódico para câncer de ovário em mulheres com endometriose, ou mesmo a indicação de cirurgia com o objetivo de reduzir o risco de câncer.
Embora o risco de câncer associado à endometriose seja baixo, é essencial que as mulheres com essa condição façam acompanhamento ginecológico regular.
A relação entre endometriose e câncer é complexa e ainda está sendo estudada. A educação, a conscientização e o acompanhamento médico regular são fundamentais para garantir a detecção precoce e o tratamento adequado de quaisquer complicações que possam surgir.
Roberto Heleno Lopes | CRMMG 39733 | Cirurgião Oncológico
Solus Oncologia
Roberto Heleno Lopes
Cirurgião Oncológico
CRM-MG 39.733
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