| Foto:
Kadidja Fernandes/AT
Elétrico, ágil, uma criança que gostava de correr. Assim era Arthur Cardoso, conta sua mãe, Fernanda Cardoso. Mas isso mudou. Arthur começou a reclamar de dores na perna e cansaço.Quando as dores ficaram muito fortes, conta, ela e o marido foram ao pronto-socorro. Foi lá que surgiu a suspeita: leucemia. O diagnóstico foi confirmado em dezembro de 2022. “Foi uma surpresa. Não tínhamos nenhum caso na família de câncer infantil. Ele não teve palidez, nem roxos no corpo. Foi apenas as dores na perna nesse início”, conta a administradora Fernanda, de 38 anos.Aos 5 anos de idade, Arthur começou um tratamento para leucemia linfoblástica aguda tipo B, classificada como alto risco. E, na última segunda, aos 7 anos, comemorou sua última quimioterapia. “É um alívio muito grande, uma conquista ter chegado até aqui. O caminho não foi fácil, foi uma bênção. O Arthur teve muitas intercorrências, internações graves na UTI. Estamos muito felizes”. A jornada até aqui não foi fácil. Quando a doença foi descoberta, Fernanda relata que tinha acabado de ser aprovada em um processo seletivo. Ela conta que o abandonou, dedicando sua vida e rotina para o cuidado com o filho. Enquanto isso, seu marido, Diogo Wandekoken, 42, técnico em manutenção industrial, teve que continuar trabalhando. A oncopediatra Daniela Krohling fez parte da equipe que realizou o tratamento do Arthur e conta que fez a maioria das consultas dele. Ela explica que em um tratamento de câncer, não se fala em cura. “Não falamos em cura logo ao término do tratamento e sim que a doença encontra-se em remissão. Qualquer neoplasia que tratamos tem risco de voltar”, destaca.A médica esclarece que a divisão dos grupos de risco da leucemia (baixo, intermediário ou alto) representam as chances da doença voltar a reagir, ou seja, voltar após o término do tratamento. Também explica que leucemia de alto risco necessita de quimioterapia mais intensiva para minimizar essa chance. “Mas isso não exclui a possibilidade de cura”.Fernanda Cardoso“Cada semana de tratamento era uma batalha a ser vencida”.A TRIBUNA – Como o Arthur está se sentindo com o fim da quimioterapia? Fernanda Cardoso – Ele está ótimo, indo para a escola feliz da vida. Amadureceu muito durante esses dois anos e meio. Está super feliz, fazendo vários planos, como o futebol e viajar. Como foi para ele receber a notícia?Ele tinha que tomar uma injeção intramuscular na perna toda semana. Essa fase de um ano para cá ele ficava super para baixo. Cada semana de tratamento era uma batalha a ser vencida. Então, ele ficou muito feliz quando recebeu a notícia. Ele disse que não ia ter que tomar a ‘picadinha’ mais. O que mais Arthur quer fazer agora? O Arthur quer muito ir à praia. Durante o tratamento, uma coisa tão comum era proibida. Ele não podia pegar sol. Então, logo a gente deve ser liberado para ir para praia e piscina. Ele está animado!Depois de passar por tudo isso, qual conselho você pode dar para outras famílias? A tempestade vai passar. Quero dizer que precisamos ser fortes, mas não o tempo inteiro. Peça ajuda e deixe os outros te ajudarem quando foi necessário. Quais são os próximos passos?Essa é a minha dor de cabeça hoje em meio à comemoração da última quimioterapia do Arthur. A única clínica da rede particular que faz o acompanhamento aqui na Grande Vitória foi vendida e vai eliminar a oncologia pediátrica. Além dela, apenas o SUS e a Unimed fazem.O que você vai fazer?Não sei o que vou fazer. Estou correndo atrás do plano de saúde porque o serviço não vai mais estar disponível a partir do dia 26 de maio. Então, além de tudo, ainda temos essa batalha para lutar.