
Pandora aparece em várias postagens de Larissa Rodrigues nas redes sociais. Com morte da tutora, guarda do animal está indefinida; entenda possibilidades. Professora envenenada em SP: cachorra da vítima estava na casa do casal, diz advogado
A cachorra de Larissa Rodrigues, professora de pilates morta envenenada com chumbinho em março deste ano em Ribeirão Preto (SP), foi devolvida à família da vítima neste fim de semana.
Pandora, que tem oito anos, era considerada xodó de Larissa e aparece em várias postagens da professora nas redes sociais (assista acima).
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Segundo o advogado dos familiares, Matheus Fernando da Silva, desde a morte, a cachorra seguia no apartamento de Larissa e nos últimos dias estava sendo alimentada pela amante do marido da professora, o médico Luiz Antonio Garnica.
Pandora estava sob os cuidados dessa mulher desde que Garnica foi preso junto com a mãe dele, Elizabete Arrabaça, na última terça-feira (6), ambos por suspeita de participação no crime.
Em depoimento à polícia antes da prisão, o médico confirmou que mantinha um relacionamento extraconjugal e que dormiu com a amante na noite anterior à morte da esposa.
Agora, ainda de acordo com o advogado, as famílias de Larissa e de Luiz tentam um acordo para definir com quem ficará a cachorra, que tem oito anos.
Cachorra foi devolvida à família de professora morta envenenada
Reprodução/EPTV
Guarda compartilhada
Uma das possibilidades que as famílias estudam é a guarda compartilhada do animal.
Presidente da Comissão dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Fabíola Maria Coelho explica que esse tipo de guarda não possui uma lei regulamentada, por isso as condições podem ser definidas em cada caso.
“Quando juiz vai decidir sobre guarda compartilhada, ela é bem equiparada à de menores, porém existem algumas peculiaridades. Ainda não temos uma lei própria. […] Basicamente, é a questão da posse, quem vai ficar com esse animal, se esse animal vai ficar com apenas uma família e se a outra vai ter direito de visita, quem vai fazer a parte de alimentação, as despesas. Os direitos e os deveres compartilhados”, diz.
Além disso, Fabíola pontua a importância de analisar o comportamento do animal em relação à adaptação.
“A guarda compartilhada não é tão somente a parte das despesas, do quem fica com quem, porém é muito ampla. Essa parte da posse, que é uma das partes da guarda compartilhada, ela tem que ser vista com muito cuidado, porque tem que visar sempre o bem-estar do animal. Tem que ver o comportamento do animal, se ele vai se adaptar.”
Caso o animal não se adapte em nenhum dos lugares, uma das possibilidades é de ele ser colocado para adoção, completa a especialista.
Pandora era xodó de Larissa e aparece em postagens da professora nas redes sociais
Redes sociais
Habeas corpus negado
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido de habeas corpus feito pelas defesas do médico Luiz Antonio Garnica e da mãe dele, Elizabete Arrabaça.
Na decisão que manteve a prisão de Luiz, o relator Luis Augusto de Sampaio Arruda argumentou que não há informações suficientes que apontem para alguma irregularidade na prisão temporária e que justifiquem a revogação dela.
“A medida liminar em Habeas Corpus é cabível quando o constrangimento ilegal é manifesto e constatado de plano, pelo exame sumário da inicial, o que não ocorre no presente caso, impossibilitando a análise cuidadosa dos fatos e documentos”, diz trecho.
O g1 não obteve acesso à íntegra da decisão relacionada à Elizabete.
Advogado de defesa do médico, Júlio Mossin ressaltou que a liminar foi indeferida e que aguarda a análise final de mérito.
Já Bruno Correa, que defende Elizabete, afirmou que recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Marido e sogra são suspeitos de envolvimento na morte de professora envenenada
Reprodução/EPTV
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Médico nega comportamento violento
Em depoimento dias após a morte da esposa, negou brigas no relacionamento.
“A gente nunca brigou. Isso é uma coisa que eu tenho comigo, em 18 anos, a gente nunca ficou um dia sem conversar”, disse à Polícia Civil.
As declarações foram dadas no dia 31 de março, nove dias após a professora de pilates Larissa Rodrigues morrer no apartamento do casal. A EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso à gravação nesta sexta-feira (9).
Apesar de ter passado a noite anterior à morte de Larissa com a amante, Garnica disse que tinha a intenção de terminar o relacionamento extraconjugal descoberto pela vítima dias antes.
O médico também contou que a mãe esteve no apartamento na noite anterior porque Larissa estava com um quadro de diarreia.
O médico Luiz Antonio Garnica durante depoimento sobre a morte da esposa em Ribeirão Preto, SP
Reprodução
Ao delegado Fernando Bravo, responsável pelo inquérito, Garnica disse que o casamento estava abalado por vários fatores, entre eles as mortes recentes da irmã dele e da mãe da esposa. Apesar disso, o médico contou que eles não brigavam e eram carinhosos um com o outro.
“A gente nunca brigou. Qualquer coisinha de casal a gente sempre resolvia, não dormia sem dar um beijo, nunca dormiu sem dar boa noite.”
Também em depoimento, uma psicóloga que atendeu Larissa dias antes da morte citou que a professora apresentou sinais de tristeza devido à situação do casamento e morte da mãe, mas descartou comportamentos alusivos a suicídio, por exemplo.
Na noite anterior à morte, Garnica disse que manteve contato com a esposa pelo celular até por volta da meia-noite. De acordo com o depoimento, ele dormiu no apartamento da amante e seguiu para casa na manhã do dia seguinte.
A imagem da câmera de segurança no prédio do casal mostra o médico entrando no elevador às 9h57 do dia 22 de março. Ele contou que chegou com alguns pães para o café da manhã da esposa e que a encontrou caída desacordada no box do banheiro ao entrar no quarto.
“Me agachei no chão, gritei por ela, comecei a fazer massagem, fazer respiração boca a boca nela, tudo na sequência correta, no chão do banheiro dentro do box. Eu fiquei ajoelhado no box, eu devo ter ficado ali, não sei, 20 minutos, meia hora, não sei quanto tempo”, disse.
Garnica disse que tentou falar com a mãe por telefone, mas não conseguiu. Então ligou para a irmã, que chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Outra imagem da câmera do elevador registrou a chegada da equipe às 10h34.
Uma médica do Samu constatou a morte de Larissa às 10h40. Ao descrever o momento à polícia, Garnica chorou.
Foto mostra marido em elevador antes de achar professora morta em apartamento de Ribeirão Preto
Câmera de segurança
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