Sobe para 13 o número de pessoas com suspeita de intoxicação por peixe em Natal

Subiu para 13 o número de pessoas com suspeita de intoxicação alimentar após consumirem peixe em um restaurante de Natal, entre os dias 5 e 6 de maio. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou que os casos estão sendo investigados como possíveis ocorrências de ciguatera.

Três pessoas precisaram de atendimento hospitalar e duas ficaram internadas, mas já receberam alta. O surto aconteceu durante um evento com médicos, e, das 35 pessoas contactadas pela equipe de vigilância em saúde, 13 apresentaram sintomas.

De acordo com José Antônio de Moura, diretor do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) de Natal, os sintomas neurológicos foram determinantes para a suspeita de ciguatera. “Tem que a questão do período de incubação, entre a alimentação e o início dos sintomas, que foi em média 4 horas. Mas o que caracterizou, que nos deu praticamente certeza, é o tipo de pescado e também os sintomas neurológicos que elas tiveram: dormência nos membros superiores, inferiores, e na boca. E a inversão de calor, em que você tem essa sensação de tocar uma coisa fria e sentir como o como se fosse quente”, relatou.

O peixe servido era da espécie arabaiana. Amostras foram recolhidas no restaurante no dia 7 de maio e enviadas ao Laboratório Central do Rio Grande do Norte (Lacen), que, por sua vez, repassou o material para análise em outro laboratório no sul do país. A SMS informou que o resultado pode levar mais de 30 dias.

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A possível intoxicação ocorreu menos de um mês após a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte publicar uma nota técnica, em 16 de abril, alertando profissionais da saúde sobre intoxicações por pescados. Entre os tipos listados estava a ciguatera.

Segundo a nota, a ciguatera é comum em áreas como o Mar do Caribe, Oceano Pacífico e Oceano Índico, e pode ocorrer em regiões próximas, como a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. As toxinas são produzidas por um organismo marinho chamado Gambierdiscus toxicus, presente em recifes de coral. Elas passam da cadeia alimentar — dos peixes herbívoros aos carnívoros — até atingirem os humanos pelo consumo.

Essas toxinas não têm cor, sabor ou cheiro, e não são destruídas por cozimento ou congelamento. Também não há tratamento específico.

Os sintomas gastrointestinais podem incluir dores abdominais, náuseas, vômitos e diarreia, e surgem de poucos minutos até 48 horas após o consumo. Já os sintomas neurológicos, como inversão térmica, fraqueza muscular, visão turva e sensação de formigamento, podem durar de dias a anos. Alterações cardiovasculares, como bradicardia e hipotensão, são consideradas transitórias.

O tratamento é feito com hidratação, medicamentos sintomáticos, acompanhamento médico e repouso.

Segundo José Antônio de Moura, apesar da gravidade dos sintomas, a intoxicação por ciguatera não é letal. Ele recomendou cautela à população. “Isso foi uma fatalidade. O que a gente teria que passar para população é se se ela puder evite consumir, nesse período, esses peixes costeiros. Comer peixe de água profunda seria uma estratégia”, disse.

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