Índia e Paquistão anunciam acordo de cessar-fogo

À beira da guerra apenas algumas horas atrás, Paquistão e Índia anunciaram um cessar-fogo neste sábado (10), após quatro dias de combates deixarem mais de 50 mortes em ambos os lados, segundo dados dos dois adversários históricos.

A confirmação ocorreu após o presidente americano, Donald Trump, afirmar em sua plataforma, a Truth Social, que os países haviam concordado com um “cessar-fogo total e imediato” após “uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos”.

“Parabéns a ambos os países por usarem bom senso e grande inteligência”, escreveu o republicano, sem dar mais detalhes.

Apenas algumas horas antes, uma trégua parecia distante. Em uma entrevista ainda nesta sábado à emissora local Geo News, o ministro de Relações Exteriores do Paquistão, Mohammad Ishaq Dar, havia condicionado a interrupção dos ataques à mesma postura da Índia. “Respondemos porque nossa paciência chegou ao limite. Se eles pararem aqui, também consideraremos parar”, afirmou.

Na mesma linha, a comandante indiana Vyomika Singh havia afirmado em uma entrevista coletiva que Nova Déli também poderia diminuir a tensão, contanto “que o Paquistão retribuísse”. No entanto, as perspectivas não eram boas, segundo ela, uma vez que tropas paquistanesas teriam sido vistas avançando.

“As Forças Armadas indianas permanecem em alto estado de prontidão operacional. Reiteramos o compromisso com a não escalada, desde que haja reciprocidade por parte do Exército paquistanês”, afirmou a comandante.

A questão mobilizou a comunidade internacional, que pediu moderação a ambas as partes nos últimos dias.

Neste sábado, antes do anúncio de Trump, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, havia telefonado para o chefe do Exército do Paquistão, o general Asim Munir, e para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e instado ambos a “restabelecer a comunicação direta para evitar erros de cálculo”.

Rubio vem mantendo diálogo com as duas partes desde que o conflito escalou. Após falar com o americano, Jaishankar afirmou na rede social X que “a abordagem da Índia sempre foi comedida e responsável, e continua sendo”.

A Caxemira é uma região de maioria muçulmana dividida entre a Índia e o Paquistão, que disputam o local desde que eles conquistaram a independência do Reino Unido, em 1947.

Desde 1989, o local é palco de uma insurgência daqueles que buscam independência ou anexação ao Paquistão e que, segundo Nova Déli, têm o apoio do país vizinho.

A crise teve início no dia 22 de abril, após um ataque terrorista cometido por um grupo armado que pede a separação da Caxemira indiana matar 26 pessoas, a maioria turistas hindus. A Índia culpou o grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão, e acusou Islamabad de envolvimento no ataque, o que o governo paquistanês nega. A organização, designada como terrorista pela ONU, é suspeita de realizar ataques em Mumbai que deixaram 166 mortos em 2008.

A tensão entre os dois países vinha aumentando desde o final de abril, até que, na última quarta-feira (7), a Índia bombardeou o que classifica de “infraestruturas terroristas” no Paquistão —que, por sua vez disse ter derrubado caças da Força Aérea indiana na ocasião.

O conflito se aproximou de uma guerra aberta nos dias posteriores e segue neste sábado, quando os países lançaram ataques contra as instalações militares um do outro. Temores de que os arsenais nucleares poderiam ser afetados aumentaram quando o Exército paquistanês anunciou que o órgão responsável por supervisionar armas nucleares se reuniria. Posteriormente, no entanto, o ministro da Defesa afirmou essa reunião não estava agendada.

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