Conexões em looping

Nesse último final de semana vivi uma experiência interessantíssima. Na verdade, vivemos experiências interessantíssimas. Pluralizo pois não estava só e porque foram experiências repetitivas, apesar de aleatórias. Explico-me!

Na sexta-feira passada publiquei aqui no Saiba Mais uma crônica sobre se perceber no mundo, sobre se entender como peça de uma engrenagem e sobre as conexões possíveis e/ou improváveis que experimentamos quando tomamos consciência de quem somos e da necessidade de manutenção dessas peças e dessas engrenagens.

Fiz da engrenagem, e suas peças, e seu funcionamento, e sua manutenção uma metáfora para os encontros (consigo mesmo/a/e ou com as outras pessoas) e como as relações se constroem e se mantêm. E eis que, durante esse abençoadíssimo e memorável final de semana, imersa em Gargalheiras (Acari/RN), vivenciei esses processos de forma repetitiva e aleatória. Ainda não entendeu? Calma! Vou esclarecer essa história um pouco mais.

Na sexta, final da tarde, enquanto escrevia a coluna, discutia com uma amiga o tema que norteava minha crônica. Tema esse que se acendeu todas as outras vezes em que encontramos outros amigos e amigas. Assuntoque voltava à tona todas as vezes em que começávamos uma nova conversa; quandorecebi, de uma amiga, um livro de Curva de Ryo, o qual folheei aleatoriamente e me deparei com o poema intitulado de “lembretes”. 

Poema que fala da engrenagem das conexões, dos encontros e partilhas, das relações que construímos e de sua manutenção necessária. Poema que aponta essa engenharia de peças que se encontram e que se movimentam num contínuo mutável e possível por ser colaborativo, por ser azeitado de afetos e disponibilidades.

Estávamos assim, cheios de afetos e disponíveis uns para os outros… todos nós que nos encontramos naquele lugar, naquele final de semana; que decidimos estar juntos; que trocamos amores e risos e olhares e comidas e bebidas e ideias e toques e cuidados e escutas e falas e banhos e refeições e contemplações e mergulhos e fotos e energia.

Sim, quanta energia se desprende quando a engrenagem gira, quando as conexões se encaixam, quando partilhamos vivências, quando (nos) reconhecemos (nós mesmos e as demais pessoas, peças indispensáveis e intransferíveis para nossos mecanismos).

E como foi incrível testemunhar o quanto estávamos funcionando no mesmo ritmo, com conexões tão fortes que esse tema, o das conexões, o das afetividades, o dos laços e suas manutenções voltaram e voltaram e voltaram e voltaram… numa espécie de looping perceptivo, de reconhecimento de que estávamos vivendo aquilo, conjuntamente.

Entendíamo-nos como peças, como conectores que se encaixavam naquele final de semana fazendo uma engenharia grandiosa se mexer num contínuo evolutivo. Todas as pessoas dessa máquina se percebiam como elementosfundamentais para aquilo que vivíamos e todas nós contribuíamos para que, somando-nos, crescêssemos em amizade, em afetos, em comunhão, em humanidade.

Voltei para casa embebecida, ensopada de uma graxa mantenedora de conexões, com minha máquina-vida em pleno vapor, trabalhando desembestada, sem freios e com muita força.

Voltei pra casa desejosa para que outras conexões me surjam, e para que eu possa ser vista como peça que falta e que se encaixa bem para que outras máquinas coletivas gemam, se destravem e se mexam, girando, girando, girando… Num looping bem delicioso.

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