Leão XIV: servus servorum Dei

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De acordo com a antiga e feliz expressão do Papa Gregório Magno (590-604), o novo Papa Leão XIV é o “servus servorum Dei” (“servo dos servos de Deus”). O seu serviço consiste, de acordo com as palavras de Jesus dirigidas ao Apóstolo Pedro, em apascentar as ovelhas (João 21,17).

Sucessor legítimo do Apóstolo Pedro, o nosso novo Papa “é o perpétuo e visível fundamento da unidade, não só dos Bispos mas também da multidão dos fiéis” (Concílio Vaticano II: LG 23) e, por isso,  ele tem uma graça ministerial específica para servir aquela unidade de fé e de comunhão, que é necessária para o cumprimento da missão salvífica da Igreja.

Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos Céus” (Mateus 16,19). O “poder das chaves” designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja.

A Igreja explica que “o poder de “ligar e desligar” significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino” (Catecismo da Igreja Católica nº 553).

A Igreja explica que o ministério do Sucessor de Pedro não é um serviço que atinge cada Igreja particular a partir do exterior, mas está inscrito no coração de cada Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e age a Igreja de Cristo. Esta interioridade do ministério do Bispo de Roma em cada Igreja particular é também expressão da mútua interioridade entre Igreja universal e Igreja particular” (Congregação para a Doutrina da Fé : “O Primado do Sucessor de Pedro no mistério da Igreja” nº 6).

O Código de Direito Canônico nos lembra que o Papa “tem na Igreja o poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer livremente” (Cânon 331). Este poder supremo do Papa não significa um poder absoluto, porque o Papa está, como todos os fiéis, submetido à Palavra de Deus, à fé católica. Ele não decide segundo o próprio arbítrio, mas dá voz à vontade do Senhor, que fala ao homem na Escritura vivida e interpretada pela Tradição.

O Sucessor de Pedro é aquela rocha anunciada por Cristo (Mateus 16, 18) que, contra a arbitrariedade e o conformismo, garante uma rigorosa fidelidade à Palavra de Deus. Os enunciados da fé não resultam de uma investigação puramente individual e de um livre exame da Palavra de Deus, mas constituem uma herança eclesial. Se alguém se separa do Papa que vela por manter viva a tradição apostólica, é a ligação com Cristo que se encontra irreparavelmente comprometida. Assim, “compete ao Sucessor de Pedro recordar as exigências do bem comum da Igreja, se alguém for tentado a esquecê-lo em função dos próprios interesses. Tem o dever de advertir, premunir e, às vezes, declarar inconciliável com a unidade da fé esta ou aquela opinião que se difunde” (Papa São João Paulo II : Encíclica Ut unum sint nº 94).

Enquanto pessoa humana, o próprio Papa admite ser frágil e pecador. Mas quando o Papa fala definitivamente como Pastor Supremo da Igreja, ele já não expressa uma opinião como qualquer pessoa privada, mas age como Sucessor de Pedro a quem Cristo prometeu a assistência divina, razão pela qual ele não conduzirá a Igreja ao erro em matéria de fé e costumes. Esta infalibilidade não é entendida pela Igreja como um mérito humano deste ou daquele Papa, mas como uma graça divina, ou seja, um dom de caráter sobrenatural.

Devemos respeitar sempre as diretrizes do Papa, mesmo quando ele não fala definitivamente de maneira solene ou ordinária, porque a Igreja também crê que a assistência divina é dada ao Sucessor de Pedro, Pastor de toda a Igreja, quando, mesmo sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de “forma definitiva”, propõe no exercício do seu magistério um ensinamento que leva a uma compreensão melhor da Revelação em matéria de fé e de costumes. A este ensinamento ordinário, os fiéis devem “ater-se com religioso obséquio do espírito” (Catecismo da Igreja Católica nº 892).

Etimologicamente, a palavra “Papa” deriva do latim pappa, que significa “pai”. Essa designação reflete o papel do Papa como pai espiritual dos católicos. O Papa Leão XIV é o 267º sucessor do Apóstolo São Pedro. Dos dois primeiros sucessores de Pedro, sabe-se que se chamaram Lino e Cleto. Quanto ao terceiro, Clemente I, registra a história que, por volta do ano 95, interveio na igreja de Corinto, para resolver uma controvérsia doutrinária. Deve-se a este Papa Clemente a mais antiga oração da Igreja pela autoridade política.

Desejo ao Papa Leão XIV um pontificado frutuoso! Que Deus o abençoe!

 

 

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