Membros da Igreja Católica e especialistas baianos repercutiram a escolha do novo papa, Leão 14, escolhido ontem, quinta-feira, no segundo dia de conclave no Vaticano. Da ordem dos Agostinianos, Robert Francis Prevost, de 69 anos, é visto como mais voltado ao centro, e preocupado com questões ambientais e sociais, por exemplo.Carlos André da Cruz Leandro, Coordenador da Escola de Educação e Humanidades da Universidade Católica de Salvador, conta que o novo pontífice tende a seguir as reformas feitas por seu antecessor, o papa Francisco, refletindo a expectativa de muitos fiéis católicos.“A trajetória dele mostra um interesse mais voltado para a dimensão social, a gente pode saber que não vai ser um Papa que vai retroceder o que Francisco já avançou com relação à preocupação da Igreja com questões sociais ou abertura para escutar o mundo (…), o que esperamos é que a trajetória dele possa refletir no modo como ele vai conduzir o seu papado”, disse.Embora americano, Prevost teve parte de sua vida religiosa na América do Sul, onde atuou no Peru de 2014 a 2023. No ano de 2015 foi eleito bispo de Chiclayo, mesmo ano em que recebeu a cidadania peruana, o que lhe rendeu agora a alcunha de “papa de duas pátrias”.Em relação à nacionalidade americana do novo papa e questões internas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o professor Carlos André avalia que ainda é cedo para conclusões, mas que o fato do país ser majoritariamente Protestante não muda a influência da Igreja Católica internamente no país em questões de contraposição ao presidente americano. Leão 14 é o primeiro pontífice norte americano e o segundo das Américas.Em seu discurso inaugural, o novo papa falou em união, em um único só povo, e na construção de pontes.Temas polêmicosPara Dom Dirceu de Oliveira, presidente da Regional Nordeste 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que já esteve duas vezes com o novo papa, a experiência pastoral no Peru e a formação teológica de Leão 14, além do conhecimento da Cúria Romana, o governo da Igreja Católica, serão pontos chaves para um pontificado de sucesso de Prevost. Quanto a assuntos polêmicos, o religioso avalia ser cedo para dar qualquer opinião.“É prematuro abordar temas polêmicos porque a gente ainda não o conhece como deveria. Estive com ele duas vezes, muito rapidamente (…), o que podemos dizer é que é uma pessoa que conjuga sensibilidade pastoral e, ao mesmo tempo, firmeza doutrinal”, afirmou.Entre 2014 e 2023, três mulheres acusaram o então bispo de Chiclayo, hoje papa, de acobertar casos de abuso sexual cometidos por padres quando essas mulheres ainda eram crianças. Segundo as informações, ele recebeu uma ligação de uma dessas mulheres em 2020 que denunciava o caso.Em 2022, após receber a denúncia formalmente, foi Prevost quem levou o caso ao Vaticano, que ainda segue sob investigação da Igreja.“Eu acredito que em relação a esses assuntos polêmicos, ele vai seguir o seu antecessor, o papa Francisco, é claro. A Igreja tem uma posição muito clara com relação a essas realidades polêmicas, mas além disso, a Igreja sempre teve uma posição e pelo que ele falou no discurso a Igreja é de todos, que deve ser lugar de acolhimento”, declarou o padre Alberto Montealegre, reitor do Seminário São João Maria Vianney, da Arquidiocese de Salvador.O padre, que diz ter recebido com alegria e esperança o anúncio do novo chefe da Igreja Católica, afirma, também, acreditar que o novo pontífice promoverá reformas necessárias para tornar a Igreja mais missionária.
Religiosos baianos repercutem escolha do novo papa Leão XIV
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