O desaparecimento de Ana Beatriz Moura, de 15 anos, completa um mês nesta quinta-feira (8). A adolescente foi vista pela última vez no dia 8 de abril, após deixar o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Maceió. Desde então, a Polícia Civil iniciou uma investigação que levou à prisão de um suspeito e à descoberta de um corpo, ainda não identificado oficialmente.
Abaixo, o TNH1 fez um compilado de todas as informações sobre o crime, incluindo o dia do desaparecimento, onde o corpo foi encontrado e o que falta esclarecer sobre o caso.
O dia do desaparecimento
Ana Beatriz foi vista com vida pela última vez no dia 8 de abril. Segundo a delegada Talita Aquino, a adolescente disse à família que teria aula nos dois turnos no Ifal e que deixaria a instituição às 16h30 — o que já foi desmentido pela investigação.
A Polícia Civil apurou que ela saiu da escola por volta do meio-dia através de um mototaxista por aplicativo, com destino ao bairro Garça Torta para se encontrar com o suspeito do crime, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal. O homem é casado e pai de três filhos.
Ana Beatriz ainda combinou com o namorado, identificado como Diogo, para que fosse buscá-la no Ifal no final da tarde. No horário, o rapaz tentou entrar em contato com a namorada, mas não obteve mais resposta. Foi então que a família, preocupada, registrou um boletim de ocorrência.
A família achou estranho, porque não era costume dela ficar sem avisar e sem retornar para casa. Entraram em contato com esse rapaz [o namorado], que informou que Ana Beatriz não estava com ele. E aí começou a preocupação”, informou a delegada.
Desde então, a adolescente não foi mais vista. O mototaxista chegou a ser ouvido pela polícia e afirmou ter apenas cumprido a corrida solicitada pelo aplicativo.

Quem é o suspeito preso?
As investigações apontam como principal suspeito o homem, de 43 anos, com quem Ana Beatriz iria se encontrar no dia do desaparecimento. Segundo a polícia, ele atuava como caseiro em um sítio.
A delegada contou que, no dia do sumiço, o suspeito pediu a um conhecido que fizesse um PIX para Ana Beatriz com o valor necessário para a corrida do Ifal para a Garça Torta, local onde os dois iriam se encontrar. Para justificar o pedido, ele mentiu dizendo que o dinheiro seria para uma de suas filhas comprar um lanche na escola.
Foi verificado que ela recebeu um PIX. Em diligências, nós conversamos com o rapaz [que realizou a transferência], que nos informou que o suspeito teria solicitado a ele que fizesse esse PIX, alegando que o dinheiro seria para a filha pagar um lanche na escola. Na verdade, aquele PIX seria para Ana Beatriz pagar um mototaxista para poder se encontrar com ele [o suspeito].” (delegada Talita Aquino)
O homem foi preso preventivamente no dia 12 de abril. Durante o interrogatório, ele não admitiu participação no caso. Foram feitas buscas na residência onde o homem morava, mas que não encontraram provas.
Corpo encontrado em fossa
No último sábado (2), um corpo feminino foi encontrado dentro de uma fossa, em um sítio no Litoral Norte da capital alagoana. Inicialmente, a Polícia Civil afirmou se tratar de Ana Beatriz, mas, em coletiva realizada na segunda-feira (5), recuou e informou que a identificação só será confirmada após a conclusão de exames de DNA.
A informação do local chegou até a corporação através da Polícia Penal. O sítio fica próximo da casa do suspeito. Até a coletiva, a polícia não tinha conseguido contato com a proprietária, que não reside em Maceió. Já o caseiro foi ouvido, mas detalhes não foram divulgados.
“Tudo corrobora para que seja [o corpo da] adolescente Ana Beatriz. Devido ao local, que era próximo da casa do suspeito”, informou Talita Aquino.
Segundo a delegada, a tampa da fossa era bem pesada e foi removida pelo Corpo de Bombeiros. O local estava camuflado com folhagens e terra, o que dificultou a identificação do esconderijo.

Falsa gravidez pode ter motivado o crime
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que uma falsa gravidez possa ter motivado o crime. A gestação já foi descartada após análise da Polícia Científica.
Estudantes do Ifal e amigas próximas da jovem relataram à polícia que Ana Beatriz dizia estar grávida, que sabia o sexo do bebê e que estaria “feliz” com a gestação.
Porém, quando conversamos com a família dela, ninguém tinha conhecimento desse fato”, disse a delegada.
Ainda de acordo com Aquino, é possível que a adolescente tenha contado ao suspeito que estaria grávida, o que teria motivado uma reação violenta por parte dele.
“Acreditamos que a vítima pode ter simulado uma gravidez e, ao contar ao suspeito, ele pode ter se desesperado e ter dado um fim a vida dela”, afirmou.
Apesar dos boatos que chegaram à polícia, o exame de necrópsia no corpo encontrado descartou qualquer indício de gestação. A polícia também buscou informações com unidades de saúde para saber se Ana Beatriz chegou a dar entrada para ser atendida por algum profissional de saúde.
Dificuldade para identificação e a esperança da família
A família de Ana Beatriz ainda tem esperança de que o corpo localizado na fossa não seja o dela. A expectativa acontece em meio a dificuldade de identificação.
Como o corpo foi encontrado em estado avançado de decomposição, não foi possível fazer a identificação por reconhecimento visual, digitais ou arcada dentária. Segundo a advogada Júlia Nunes, que representa a família da jovem, familiares chegaram a informar que Ana Beatriz tinha uma cicatriz no queixo, mas que não pôde ser verificada pelas condições do corpo.
Perguntaram dados físicos da Bia, se tinha alguma coisa que a identificasse, como tatuagem. E ela não tinha. A única coisa que tinha era uma cicatriz no queixo. E aí, segundo o pessoal do IML, a cicatriz não era possível identificar pelo estado de decomposição. Também poderia ser feito através das digitais, mas também não existem mais”, falou a advogada.
Durante exames na arcada dentária, ainda segundo a advogada, uma dentista do Instituto Médico Legal (IML) perguntou aos familiares se Ana Beatriz tinha um dente escuro — o que foi negado pela família.
Isso criou uma esperança muito grande na família para que o corpo não seja dela”. (Júlia Nunes)
O corpo passará agora por exame de DNA. Amostras biológicas do cadáver, da mãe e de uma irmã foram encaminhadas ao Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística de Maceió. Segundo o perito responsável, o resultado deve ficar pronto em pelo menos 15 dias.

O que falta esclarecer
A investigação segue em andamento. A polícia ainda aguarda a confirmação de que o corpo encontrado seja o de Ana Beatriz, além de trabalhar para cravar a motivação do crime e a causa da morte.
Como a necropsia não identificou ferimentos por arma branca ou de fogo, foi levantada a hipótese de envenenamento. O material coletado está em análise e será investigado pelo Laboratório de Química e Toxicologia Forense.
Além disso, também é investigado a participação de uma segunda pessoa tanto na morte quanto na ocultação do cadáver, já que o corpo estava em um local de difícil acesso, tamponado por cimento.
Questionada se a mulher do suspeito preso poderia ter participado do crime, a delegada informou que, à princípio, ela não teria envolvimento.
“É natural que caso ela [esposa do suspeito] realmente já soubesse desse relacionamento entre os dois, que houvesse algum tipo de rusga entre ela e Ana Beatriz. Mas não temos elementos que comprovem a participação dela no crime. Então no momento ela não é suspeita”, disse.