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Convivendo com dores na cabeça, pernas, pescoço, lombar, tornozelos e costas desde a infância, a artesã Adriane Novaes, 21 anos, recebeu o diagnóstico de fibromialgia em 2020. Segundo relata, as dores, constantes e fortes, muitas vezes a impedem de se concentrar e até realizar tarefas simples como varrer a casa, lavar louças e pentear o cabelo. “Sinto um formigamento nas pernas que dificulta a minha caminhada e até mesmo ficar em pé ou sentada por muito tempo. Também tenho notado dificuldade e falta de força nos braços e nas pernas, como se meu corpo não respondesse como antes. O cansaço e a fadiga são diários, mesmo após descanso e tornam qualquer atividade um grande desafio. Tudo isso gera um impacto emocional muito grande, desenvolvi depressão profunda, síndrome do pânico e ansiedade”, diz Adriane.A demora no diagnóstico preciso se deu, segundo a artesã, devido a sua idade. “Não é comum pessoas tão novas como eu ter fibromialgia”. De acordo com o médico acupunturiatra e gestor da Clínica Tavares Medicina Integral, Orlando Tavares, assim como Adriane, a maioria dos pacientes fibromiálgicos demora em obter esse diagnóstico. “Isso ocorre porque não existe um exame específico que confirme a fibromialgia. Esse é um diagnóstico clínico, feito de maneira individualizada, baseado na história clínica do paciente, na avaliação dos seus sintomas e, até mesmo, na sua bagagem psíquica”, diz Tavares.Tratamento, alívio da dor e melhora global da saúde e qualidade de vidaOs médicos afirmam que não existe uma terapia única para o alívio dos sintomas da fibromialgia, e que por se tratar de uma doença crônica, ou seja, sem cura, o mais recomendado é indicar ao paciente uma combinação de abordagens como a prática regular de exercícios físicos, terapia cognitiva-comportamental, medicamentos e terapias complementares a exemplo da acupuntura, auriculoterapia e da ventosaterapia.Para pacientes que mesmo seguindo todos estes tratamentos e ainda assim não conseguem encontrar alívio nas dores, existe também a indicação do bloqueio periférico, técnica que utiliza anestésicos locais perto de um ou mais nervos cranianos específicos que são suspeitos de estar contribuindo para a dor e o bloqueio simpático venoso (BSV), este último uma técnica minimamente invasiva, que consiste na infusão de anestésicos locais por via intravenosa, bloqueando a transmissão dos sinais de dor pelo sistema nervoso simpático.“Quando fazemos o bloqueio venoso, os medicamentos utilizados atuam também modificando a condutância, que é a capacidade de conduzir a eletricidade da membrana dos neurônios e das células musculares. Ela está implicada na analgesia, com a interação em diferentes receptores e via de transmissão nociceptiva, podendo atuar diretamente no sistema nervoso periférico e sistema nervoso central, resultando em uma analgesia mais duradoura fazendo com que o paciente consiga melhorar sua qualidade de vida”, explica Tiago Gravatá.“O bloqueio venoso tem sido um grande aliado na melhora da minha qualidade de vida. Desde que comecei o tratamento, em janeiro de 2025, percebi um alívio nas dores que antes eram constantes e limitantes. Já o bloqueio nos pontos específicos ajuda a aliviar o formigamento nas pernas, diminui as dores nos tornozelos e proporciona um alívio mais nas regiões afetadas pela fibromialgia. Com menos dor, consigo realizar algumas atividades e tenho um pouco de disposição e esperança de dias melhores”, afirma Adriane.ContraindicaçõesSegundo Tiago Gravatá, embora os resultados obtidos por meio do BSV sejam bastante satisfatórios na maioria dos pacientes e esta seja uma técnica segura, existem algumas contra indicações. “Quando o paciente tem um histórico de acidente vascular cerebral (AVC), de arritmia cardíaca e/ou outras doenças cardíacas graves, o médico deve sempre observar e avaliar o risco benefício do uso da medicação. Vale ainda salientar que toda e qualquer medicação só deve ser administrada se prescrita por um profissional capacitado e após avaliação individualizada”, destaca Tiago Gravatá.