Propostas concretas para a preservação e o uso sustentável do cerrado brasileiro devem ganhar espaço nas discussões da COP30, marcada para novembro em Belém, capital do Pará. Parte significativa dessas propostas foi construída durante o Cerrado Summit, evento preparatório realizado na cidade de Luís Eduardo Magalhães, que reuniu agricultores, representantes do governo, setor privado e sociedade civil organizada.Foi o único encontro oficial da pré-COP fora de uma capital brasileira e marcou o início da formatação de um plano de ação para escalar práticas regenerativas no bioma.Ao longo de dois dias, entre plenárias e oficinas de trabalho, cerca de 120 participantes discutiram soluções para viabilizar financeiramente a agricultura regenerativa, estabelecer métricas para aferir os resultados ambientais e econômicos no campo, além de fortalecer políticas públicas.JA iniciativa faz parte do Acelerador de Paisagens da Aliança para Ação Regenerativa nas Paisagens (AARL) e conta com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Aiba, Abapa, Boston Consulting Group (BCG), World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).A construção coletiva ao longo do evento resultou em informações que agora estão sendo sistematizados em documentos técnicos. Estes materiais devem compor a pauta brasileira na COP30, com destaque para instrumentos de financiamento, governança multissetorial e incentivo à adoção de práticas como plantio direto, consórcio soja-braquiária, rotação de culturas, bioinsumos e integração lavoura-pecuária.A presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, destacou a importância de os agricultores contribuírem com soluções sustentáveis. “O setor já adota grande parte dessas práticas, e o que discutimos aqui pode servir de referência para decisões que impactarão o futuro do planeta”, projeta.Agro regenerativoO grande desafio da transição para a agricultura regenerativa, segundo o gerente de projetos do BCG, Matheus Munhoz, está na viabilidade financeira. A estimativa é de que sejam necessários US$ 3 bilhões, até 2030, e US$ 55 bilhões, até 2050, para transformar áreas produtivas em paisagens regenerativas em larga escala.Para isso, será fundamental a combinação de crédito rural, seguros, garantias e pagamentos por serviços ambientais com métricas concretas para aferição dos resultados. A CEO do Rabobank Brasil, Fabiana Alves, destacou a importância estratégica do cerrado.“É uma região chave para a segurança alimentar e a resiliência climática. A indústria financeira precisa apoiar essa transição investindo em tecnologias e na recuperação de áreas degradadas”, afirmou.Já Shalini Unnikrishnan, diretora do BCG, lembrou: “Nenhuma organização fará isso sozinha. A transformação exige colaboração entre produtores, governos e empresas”.
Agricultores do oeste da Bahia levarão propostas à COP30
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