Agro mais inteligente impulsiona sustentabilidade no Oeste da Bahia

A integração entre inovação tecnológica, responsabilidade ambiental e compromisso social tem impulsionado o oeste da Bahia, que é destaque nacional na produção de soja e algodão e agora vem ganhando holofotes por iniciativas sustentáveis que buscam garantir produtividade com consciência ambiental no campo.Grande parte desse avanço se deve ao manejo eficiente da água. Recentemente, o oeste superou Minas Gerais e se tornou o maior polo de irrigação do Brasil, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os dados mostram área de 2.200.960 hectares irrigada por 33.846 pivôs centrais, com acréscimo de 140.842 hectares e 3.807 novos equipamentos de irrigação.Estes são os municípios com as maiores áreas irrigadas por pivôs centrais no País: São Desidério, na Bahia, com 91.687 hectares; Paracatu, em Minas, com 88.889 hectares; Unaí, também em Minas Gerais, com 81.246 hectares; Cristalina, em Goiás, com 69.579 hectares; e Barreiras, na Bahia, com 60.919 hectares.Há oito anos, os produtores da região estudam o aquífero Urucuia, o 2° maior do País, em parceria com a Universidade de Nebraska, nos EUA. Uma missão técnica da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) esteve há poucos dias no País para acompanhar os últimos resultados da pesquisa e ampliar o intercâmbio de soluções para gestão hídrica. A cooperação busca garantir disponibilidade de água para as gerações atuais e futuras.O gerente de Sustentabilidade da Aiba, Enéas Porto, explica que as ações se estruturam em frentes integradas, abrangendo os eixos social, econômico e tecnológico. A entidade promove iniciativas voltadas à eficiência no uso da água, cuidado das Áreas de Preservação Permanente (APPs), educação ambiental e disseminação de boas práticas no campo, com foco em sustentabilidade.A atuação ocorre tanto no ambiente produtivo quanto nas ações interativas com a sociedade, com desenvolvimento de cartilhas, cursos e eventos. Um dos destaques é o Programa de Monitoramento Hídrico, realizado com apoio do governo da Bahia, que ajuda a prevenir crises e melhorar o uso da água.Gestão ambientalNa frente ambiental, a Aiba coordena programas que já recuperaram mais de 140 nascentes com ações de reflorestamento e cercamento. Além disso, há esforços de transferência de tecnologia para pequenos produtores, que passaram a irrigar com maior eficiência. Esse programa foi premiado pela Agência Nacional de Águas (ANA).Outra frente de destaque na região é conduzida pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que vem fortalecendo a sustentabilidade, sobretudo entre pequenos agricultores, com a transferência de tecnologia de irrigação.Desde 2014, a Abapa já distribuiu mais de 345 kits de irrigação em 18 municípios do sudoeste da Bahia e, a partir da safra de 2021, ampliou o alcance para 142 kits em 12 cidades do oeste, como Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Barreiras.Segundo Antônio Carlos Santos Araújo, gerente do Programa Fitossanitário da Abapa, os kits de irrigação têm sido decisivos para minimizar os impactos da escassez hídrica enfrentada por pequenos produtores. “Os veranicos na região sudoeste costumam ser prolongados. Com os kits, os riscos de perdas são reduzidos, garantindo maior segurança produtiva. Além do algodão, esses agricultores também cultivam milho, mandioca, feijão, pimenta, abóbora, maracujá, pepino e melancia”, destacou.O assistente técnico Lucivaldo Martins, do Programa Fitossanitário, destaca que o sucesso das lavouras depende, ainda, do controle eficiente de pragas como o bicudo-do-algodoeiro. “Ela já causou grandes prejuízos no sudoeste, que cultivava mais de 300 mil hectares de algodão e ainda hoje sente os reflexos. Monitoramento e manejo integrado são fundamentais para evitar novos surtos”, alerta.
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