
Eu diria que a pergunta está mal posta, pois é uma pergunta simples, que induz a uma resposta do tipo “sim” ou “não”, ao passo que a realidade em questão é complexa, pois envolve a ação de Deus e a ação dos homens, que se dão em níveis distintos e não se excluem necessariamente, mas coexistem, cada qual no seu nível próprio.
No nível imediato ou fenomenológico, quem escolhe o Papa são os cardeais. No nível transcendental, Deus está sempre agindo, pois ele é o Bem que sempre faz apelos à consciência, para que, na humildade, deixe-se guiar pelo amor da honestidade e da retidão, isto é, no caso concreto do conclave, Deus está fazendo apelos aos cardeais para que formem a sua consciência sobre as necessidades da Igreja e escolham o candidato que julgarem mais adequado. Deus ordinariamente age por causas segundas, que são mais ou menos limitadas.
Caberá aos cardeais ter a boa disposição para se deixarem iluminar pela luz do Bem.
Pode acontecer que a consciência de algum cardeal esteja marcada por limitações não-culposas como a ignorância? Sim. Pode acontecer que a limitação seja culposa, como a falta de intenção justa ou a falta de abertura sincera aos apelos do Bem? Sim.
O certo é que Deus sabe trabalhar com instrumentos insuficientes. Mesmo que os cardeais escolhessem, por hipótese, um candidato que não fosse o mais adequado, o eleito teria verdadeira autoridade de Papa, e Deus saberia conduzir a Igreja através dele, ainda que seja tirando bens dos males. Deus sempre garante que o todo ou o bem geral da Igreja não venha a arruinar-se inteiramente.
O normal, entretanto, é que esperemos que os cardeais se deixem iluminar, vençam tanto quanto possível as limitações e escolham um bom nome; um nome segundo o coração de Deus e segundo as necessidades da Igreja.
Quem quer que seja eleito, merecerá o respeito, a obediência e amor filial dos católicos no exercício autêntico de seu ministério de Sucessor de Pedro.
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