
A proposta de estabelecer o viés humano como prioridade nas campanhas do “Maio Amarelo de 2025” é pertinente e atual, sobretudo por considerar que a mobilidade urbana tem uma série de implicações. Este ano, o Observatório Nacional de Segurança Viária, considerando que os deslocamentos são feitos majoritariamente por pessoas, nomeou o evento como “Maio Amarelo 2025: Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”.
Tem razão o presidente do Conselho Deliberativo do Instituto, José Aurélio Ramalho, ao apontar que a mobilidade humana vai além do simples deslocamento. Ela envolve o direito de todos a um trânsito seguro e eficiente. “Para isso, é fundamental que cada um de nós assuma a responsabilidade por nossas atitudes ao dirigir, pedalar ou caminhar. O respeito às regras de trânsito, a atenção ao comportamento dos outros e a empatia nas estradas são essenciais para reduzir acidentes e salvar vidas”, destacou.
Respeitar as regras do trânsito é o primeiro passo para uma convivência segura tanto nas vias urbanas quanto nas rodovias. Nas cidades, especialmente, os abusos são diários, sobretudo no descumprimento de regras básicas nos sinais. Há sempre alguém que não tem a paciência para esperar o tempo certo e antecipa ora a largada, ora a freada. Em ambas as situações, há possibilidade de um acidente.
O comportamento dos outros e a empatia nas estradas também são duas etapas importantes, sobretudo por conta de personagens que agem como se fossem os únicos no trânsito, ignorando os demais. Estes não só furam sinais como também não renunciam a seus espaços, sem qualquer movimento para reconhecer a prioridade de terceiros. São competitivos em tempo integral, mesmo quando os outros sequer têm esse interesse.
Ao apontar para o lado humano, o observatório joga luzes para todos os atores das ruas, inclusive os pedestres. Estes também devem seguir regras, mesmo diante do fato de terem a prioridade. Mas não devem apostar ao atravessar uma rua certos de que, mesmo não havendo sinais, o motorista, ou o motociclista, vai parar em nome dessa prioridade. Essa consciência ainda não é coletiva.
Em razão disso, o mês de maio deve ser a referência para ações que precisam ser implementadas durante todo o ano, a começar pela conscientização. Um expressivo número de acidentes tem como causa a imperícia ou a imprudência de usuários. O excesso de velocidade é uma das faces, a despeito de os veículos, mesmo sendo mais rápidos, também serem dotados de instrumentos que facilitam a segurança.
O “Maio Amarelo” também deve cobrar melhor qualificação das rodovias. Com uma das maiores malhas viárias do mundo, o Brasil tem rodovias que são verdadeiras armadilhas, precárias na qualidade da pista de rolamento, sem sinalização adequada e pontos de escape inexistentes.
Juiz de Fora é cortada por duas rodovias federais que se encontram em estágios distintos: a BR-040, que liga a cidade às capitais Belo Horizonte e Rio de Janeiro, é privatizada. Em direção à capital mineira, a concessionária tem planos de obras pelos próximos sete anos. No sentido contrário, a nova concessionária foi definida na semana passada com o compromisso de resolver gargalos na Serra de Petrópolis, cujas obras estão paradas há cerca de dez anos.
Por seu turno, a BR-267 vive na dependência de emendas parlamentares ou do orçamento do Dnit. Entre Juiz de Fora e o entroncamento com a BR-116 (Rio/Bahia) estão sendo feitas obras de manutenção, mas nem elas cobrem a verdadeira demanda, que exige uma via duplicada em toda a sua extensão.
O viés humano é, de fato, a prioridade na campanha, mas os governos e as concessionárias têm papel importante no projeto de uma mobilidade segura para todos.
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