Por: Kátia Muniz
Que carnaval, que nada. Os meninos extrapolam fevereiro e vivem em clima de fantasia o ano inteiro. É muito comum cruzar com algum Homem-Aranha, Super-Homem ou Batman, para citar apenas os clássicos. Assim como também é frequente ver uma mãe puxando pela mão esses pequenos heróis devidamente caracterizados.
E elas têm muitas histórias para contar:
“Você acredita que ele se atirou contra a janela porque achou que podia voar como o Super-Homem? Ainda bem que lá no apartamento tem tela de proteção. Mas, mesmo assim, é preciso ficar de olho.”
Outra: “Se você visse como está o muro que foi pintado há pouco tempo! Todo marcado de pegadas. Porque ele vive pendurado, escalando, tal qual o Homem-Aranha. Tá vendo essa fantasia? Ele tem três, mas quer ficar enfiado justamente nessa. Fico só imaginando a cor da água quando eu colocar essa roupa para lavar.”
Mais uma: “Veja se tem cabimento sair assim, vestido de Batman nesse calor insuportável! Se ainda fosse uma roupa leve, mas nem isso. E tente convencê-lo a tirar para ver o escândalo que dá.”
Lá vão eles, sacudindo as capas, mal conseguindo respirar dentro das máscaras. Acreditam que têm superpoderes: que podem voar pelos céus, lançar teias com as mãos, escalar prédios, pilotar o batmóvel, capturar vilões e salvar o mundo. Emitem sons onomatopaicos, saltam, pulam, encarnam seus personagens com perfeição. Seguem sonhando, inventando, construindo histórias ─ tão imersos no maravilhoso mundo da imaginação.
Se você perguntar ao Super-Homem o que ele quer ser quando crescer? É bem provável que responda: “Repórter, como Clark Kent.” O Homem-Aranha, mesmo com um João Felipe registrado na certidão de nascimento, só aceita ser chamado de Peter Parker. E não adianta repetir o verdadeiro nome da cidade onde mora o pequeno Batman, para ele, é Gotham City e fim de papo.
Então, desfilam as mães com eles a tiracolo, sempre apressadas, atarefadas, com mil afazeres, tentando dar conta da agenda cheia, enquanto atendem ligações no celular, entram e saem dos postos de combustíveis, supermercados, lojas, bancos, lotéricas, consultórios. Sempre muito bem acompanhadas e protegidas, e ainda sem perceber que não é para qualquer uma ter um super-herói desses à disposição o tempo todo.