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Comportamento: o verdadeiro vilãoEntre as atitudes perigosas que transformam motoristas em verdadeiros “monstros” nas estradas estão: excesso de velocidade, uso do celular ao volante, condução sob efeito de álcool, desrespeito à sinalização e condução de motocicleta sem capacete.“Nosso compromisso é com a preservação da vida e para isso nós seguimos firmes e fortes nesses tipos de campanha que é para conscientizar cada vez mais o condutor da importância de ter uma excelência no comportamento, porque além de salvaguardar a sua própria vida, ele está salvaguardando a vida do próximo também. Quando a gente está no trânsito, a gente não dirige só para a gente, a gente dirige também pensando naquele que está ao nosso lado”, ressalta o capitão.
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A campanha “Monstro no Trânsito” também convida a população a participar ativamente da causa. Para o motorista Bruno Mendes Damasceno, a escultura virou um símbolo. Um lembrete silencioso de que dirigir não é só chegar a algum lugar, é também voltar para casa.“Cada vez que passo por essa escultura, sinto um misto de surpresa e respeito. À primeira vista, parece só um robô gigante feito de sucata, mas pra mim, é muito mais do que isso. Como motorista, vejo ali partes que poderiam ser do meu carro, ou de tantos outros que já cruzaram essas mesmas ruas. Ela me faz pensar em quantas histórias um simples volante, um retrovisor ou um pedaço de para-choque podem carregar. Me lembra da importância de cuidar do que tenho, de respeitar o trânsito e de valorizar a vida em cada trajeto”, afirma.A engenheira e motorista Maria Elisa Gomes acredita que transformar sucata de acidentes em uma escultura gigante é uma forma muito forte de chamar a atenção.“Quando a gente vê aquilo, percebe o quanto um simples erro no trânsito pode causar tragédias. A mensagem ‘não seja você um monstro no trânsito’ é direta e faz a gente pensar. Saber que 90% dos acidentes acontecem por falhas humanas mostra que muita coisa pode ser evitada. É uma campanha que mexe com a gente, faz refletir e pode, sim, ajudar a salvar vidas. Todo mundo deveria ver essa escultura e repensar suas atitudes no trânsito”, diz.Campanhas que provocam mudançasSegundo a psicóloga Paula Lisboa, a rotina acelerada, o cansaço e o estresse são fatores que influenciam diretamente o comportamento no trânsito. Para ela, campanhas como essa sensibilizam, provocam reflexão e trazem o tema para o centro das conversas.“Muitas vezes, as pessoas entram no modo automático e subestimam os riscos. Sabem o que é certo, mas não conseguem sustentar atitudes seguras […]Para que produzam mudanças mais duradouras, precisam ser reforçadas continuamente, fazendo parte de um esforço coletivo de educação e responsabilização. Trabalhar com a ideia de que “pode acontecer com você e também com seus familiares” convoca à implicação pessoal e à responsabilidade — componentes essenciais para uma transformação real de postura”, explica Paula.A especialista acrescenta ainda que a força de campanhas visuais como a escultura feita com sucata de acidentes reais está justamente em romper esse automatismo.“Imagens impactantes ativam o campo emocional e rompem a ideia de que “só acontece com os outros”. A escultura é um choque visual que ajuda a transformar estatísticas em realidade concreta. Pode provocar medo, reflexão, até desconforto — sentimentos que, quando bem elaborados, são caminhos para mudança. Campanhas como essa ganham ainda mais força quando fazem parte de uma ação contínua, que mantém o tema vivo e incentiva a reflexão ao longo do tempo”, destaca.
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Além da prevenção, é necessário olhar também para os efeitos emocionais de quem já foi afetado por um acidente. O trauma psicológico nem sempre é visível, mas pode acompanhar as vítimas, testemunhas e familiares por muitos anos. “Falar sobre isso é parte fundamental do cuidado. Criar espaços para escuta e diálogo é essencial para promover uma cultura mais consciente, sensível às experiências humanas que atravessam o trânsito”, finaliza Paula Lisboa.