Jean Paul elogia o bolsonarista Rogério Marinho: “joga o jogo democrático”

Depois de dizer que poderá deixar o PT, acusar o “entorno” da governadora Fátima Bezerra de “caciquismo” e jantar com o ex-prefeito de Natal e pré-candidato a governadora Álvaro Dias (Republicanos), o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, elogiou o senador Rogério Marinho (PL) dizendo que ele “joga o jogo democrático”.

A declaração foi dada em entrevista a uma rádio de Parnamirim. Jean deu “sim” a Rogério Marinho, apesar de dizer que o senador é ser adversário “nas ideias”, defende “coisas completamente opostas” ao que ele diz pensar e é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o ainda petista classificou como “um cara antidemocrático”.

“Agora, ele tá na politica, foi votado, ele faz o papel de veículo daquilo ali, o que eu acho lamentável, mas é um problema dele. Cada lado da politica tem o seu lado”, ponderou o ex-senador.

Ao dizer que Rogério Marinho faz o papel de “veículo daquilo ali”, o ex-senador faz referência ao fato de o líder da oposição no Senado Federal ser o principal representante do bolsonarismo no Rio Grande do Norte.

Rogério Marinho, que “joga o jogo democrático”, segundo Jean Paul, é um dos principais defensores da anistia para os golpistas condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Além disso, Rogério Marinho também é um dos maiores adversários políticos da governadora Fátima Bezerra. O senador, inclusive, é um dos pré-candidatos da oposição ao Governo do Estado em 2026.

Marinho não dedica aos petistas, em especial à governadora Fátima Bezerra, o mesmo tratamento diplomático que recebeu do ex-senador Jean Paul. Em vez disso, o senador bolsonarista costuma se referir ao PT como “quadrilha”.

Mágoa contra o PT

Na mesma entrevista à rádio de Parnamirim, Jean Paul não escondeu sua mágoa contra o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a quem ele acusa de tê-lo “atropelado”, numa referência a sua demissão da Presidência da Petrobras.

“Foi uma pessoa ruim para mim. É uma pessoa que não acho que faça bem ao governo, não articula bem, mas isso é um problema do presidente Lula”, declarou o ex-senador.

Jean Paul tem deixado evidente sua mágoa contra o PT desde a exoneração da Petrobras. Ele saiu do cargo atirando contra o governo federal, em especial contra os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

No âmbito local, ele se disse abandonado pela maioria dos petistas potiguares, lamentou não ser ouvido pelo partido e revelou que poderá sair da legenda para se candidatar a senador, cargou que ocupou de 2019 a 2022, após herdar a cadeira da governadora Fátima Bezerra.

Em 2022, ele foi candidato a primeiro suplente de senador na chapa encabeçada pelo ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PSD), derrotado pelo próprio Rogério Marinho.

Em uma entrevista recente, Jean Paul declarou que foi já “tacitamente expulso” do PT porque não foi “chamado para nada” e nem “consultado para nada”, apesar de ter sido senador, líder da minoria e líder do partido no Congresso Nacional.

Apesar do ressentimento, ele disse que sua possível saída do partido dependeria ainda de uma conversa com a governadora Fátima Bezerra. Jean disse que perguntará diretamente a ela o que a legenda quer dele.

Ele reconheceu que só foi senador e presidente da Petrobras graças ao PT, mas disse que seu “débito” com o partido “já foi pago” e não tem compromisso com a legenda se não houver espaço para ele.

Terceira via

Recentemente, Jean teve seu nome especulado para integrar uma possível chapa da “terceira via” em 2026. De acordo com as especulações, ele faria dobradinha com a senadora Zenaide Maia (PSD) na disputa por uma das duas vagas ao Senado Federal.

A suposta chapa majoritária seria encabeçada pelo prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), que teria como candidato a vice-governador o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PSD).

Jean poderá, assim, disputar votos contra a governadora Fátima Bezerra, que renunciará ao cargo em abril do próximo ano para ser candidata a senadora. A se confirmar esse cenário, será mais um caso da criatura que se volta contra seu criador na política.

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