
Ana Oliveira, para o Pragmatismo
Uma adolescente de 15 anos, aluna bolsista do Colégio Presbiteriano Mackenzie em São Paulo, foi hospitalizada após um episódio de violência psicológica e moral envolvendo racismo, homofobia e exposição de sua intimidade. O caso, inicialmente revelado em reportagem publicada pelo portal Mundo Negro, reacende o debate sobre o papel das instituições de ensino diante de episódios graves de discriminação e negligência.
Segundo relatos da mãe da jovem, a estudante, matriculada no 9º ano do ensino fundamental, vinha sendo alvo constante de bullying por parte de colegas. As ofensas incluíam termos racistas como “cigarro queimado” e expressões de cunho homofóbico, como “lésbica preta”. A gota d’água ocorreu quando um vídeo íntimo da adolescente, gravado sem sua autorização, foi compartilhado entre alunos, levando a um profundo abalo psicológico e à consequente hospitalização da vítima.
A família da estudante afirma que tentou alertar a escola em diversas ocasiões sobre o ambiente hostil vivido pela filha. Ainda assim, segundo a mãe, nenhuma providência concreta foi tomada pela direção da unidade escolar. “É como se, por ser bolsista, preta e lésbica, minha filha estivesse sozinha e sem direito à proteção dentro da escola”, desabafou, em entrevista ao Mundo Negro.
Silêncio institucional
Procurado pela reportagem, o Colégio Presbiteriano Mackenzie declarou que só irá se manifestar após ouvir a aluna envolvida, o que até o momento não foi possível devido à sua hospitalização. O posicionamento institucional tem gerado críticas nas redes sociais por sugerir morosidade e falta de empatia diante de uma situação extrema que envolveu a integridade emocional e física de uma menor de idade.
Nas redes sociais, a repercussão foi intensa. Uma publicação no Instagram que denuncia o caso viralizou, reunindo milhares de comentários cobrando posicionamento firme da escola, do Ministério da Educação e das autoridades responsáveis pela fiscalização dos direitos de crianças e adolescentes.
Racismo, homofobia e meritocracia tóxica
Especialistas ouvidos por Pragmatismo Político afirmam que casos como o do Mackenzie evidenciam as falhas de instituições tradicionais em acolher estudantes que destoam do perfil hegemônico esperado — branco, heterossexual e pertencente às elites econômicas. “Não é incomum que escolas particulares tratem alunos bolsistas como tolerados, e não como sujeitos com os mesmos direitos”, observa a pedagoga e ativista Mariana Silva, doutora em educação pela USP.
Ela afirma que a combinação de racismo estrutural, homofobia e elitismo em ambientes escolares pode criar um campo fértil para a violência simbólica e material. “A escola não pode ser cúmplice silenciosa. Quando não age, ela legitima a agressão”, conclui.
Investigações e cobrança por justiça
O caso deverá ser investigado pelo Conselho Tutelar, Ministério Público e demais órgãos de proteção da infância e juventude. Organizações da sociedade civil, como a Educafro e a Rede de Educadores Antirracistas, também manifestaram solidariedade à família da estudante e cobram medidas concretas do colégio.
Até o fechamento desta matéria, o Colégio Presbiteriano Mackenzie não havia divulgado nota oficial nem esclarecido se os responsáveis pela gravação e divulgação do vídeo foram identificados ou punidos.
→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… Saiba que o Pragmatismo não tem investidores e não está entre os veículos que recebem publicidade estatal do governo. Fazer jornalismo custa caro. Com apenas R$ 1 REAL você nos ajuda a pagar nossos profissionais e a estrutura. Seu apoio é muito importante e fortalece a mídia independente. Doe através da chave-pix: [email protected]
O post Adolescente vítima de racismo e humilhações no Colégio Mackenzie é hospitalizada apareceu primeiro em Pragmatismo Político.