Auditoria revela falhas de gestão na Languiru e aponta caminhos para recuperação

Nesta terça-feira (10/09), a Cooperativa Languiru realizou uma Assembleia Geral Extraordinária, em Teutônia/RS, onde foram apresentados os resultados da auditoria independente conduzida pela empresa Dickel & Maffi – Auditoria e Consultoria. A auditoria abrangeu o período de 2018 a 2022, analisando as ações administrativas e financeiras da Cooperativa com o objetivo de identificar os fatores que desencadearam a atual crise enfrentada pela Languiru.

O processo de auditoria, que teve início em setembro de 2023, foi conduzido ao longo de um ano e se concentrou em oito frentes principais. Entre os pontos examinados estão: o levantamento da real situação econômica e financeira da Cooperativa; a análise dos resultados por atividade; a leitura das atas de reuniões dos Conselhos de Administração e Fiscal e das assembleias; a verificação de investimentos realizados no período auditado; a análise de fontes de recursos de empréstimos e financiamentos; e a revisão das contas vinculadas à Cooperativa de produtores e diretores. Também foram realizadas entrevistas com pessoas que se dispuseram voluntariamente a contribuir com informações e documentos relevantes.

Na apresentação realizada, o auditor José Roberto Simas, da Dickel & Maffi, trouxe à tona um panorama das decisões que impactaram a gestão da Cooperativa durante esses cinco anos. Foram apresentados dados que comprovaram uma série de falhas administrativas no período, incluindo a falta de controle financeiro em áreas críticas. Entre as irregularidades apontadas, de uma “gestão temerária e imprudente”, destacam-se a contratação de empréstimos com juros elevados, a ausência de uma gestão eficaz, o pagamento de juros sobre o capital para associados sem a existência de sobras nos exercícios, dentre outros. Essas práticas contábeis foram classificadas como imprudentes e potencialmente prejudiciais à saúde financeira da Cooperativa.

Divulgação / Cooperativa Languiru

Embora o relatório tenha apresentado uma visão detalhada sobre as ações indicadas como responsáveis pela crise, não foram divulgados nomes durante a Assembleia. No entanto, o documento completo a ser apresentado à Cooperativa, contendo todas as informações, será encaminhado ao Ministério Público para que sejam tomadas as medidas cabíveis e necessárias atinentes ao caso. 

Em Assembleia futura, após a avaliação jurídica do relatório final, os associados decidirão em votação se os gestores responsáveis pela administração no período auditado deverão ser processados na esfera cível. A medida está respaldada pelo artigo 32 do estatuto da Cooperativa, que prevê a necessidade de ingresso de ação de responsabilidade civil contra o Administrador que tenha causado prejuízo ao seu patrimônio, mediante deliberação do associado.

“Os resultados da auditoria são fundamentais para nortear as próximas decisões da Languiru, que busca recuperar a confiança de seus associados e parceiros. O material apresentado pela auditoria será cuidadosamente analisado pelo nosso setor jurídico, a fim de garantir que todas as medidas cabíveis sejam adotadas em conformidade com a legislação e os interesses da Cooperativa. Nosso objetivo é assegurar a transparência e a lisura em todo esse processo”, afirma Gustavo Marques, Superintendente Administrativo e Financeiro da Cooperativa Languiru.

Mediante realização de convite da atual administração, a Assembleia contou ainda com a presença de ex-associados, ex-Líderes de Núcleos e integrantes dos Conselhos de Administração e Fiscal de anos anteriores – todos que de alguma forma participaram de gestões do período de 2018 a 2022. A expectativa é de que, com a conclusão desse processo investigativo, a Languiru possa traçar novos caminhos para superar a crise e fortalecer sua atuação no mercado.

“O momento que estamos vivendo é desafiador, mas a Languiru está determinada a superar essa fase. Estamos implementando medidas firmes e estratégicas para estabilizar nossas finanças e recuperar a confiança, tanto do mercado quanto dos nossos associados. A transparência e o compromisso com nossos cooperados continuarão sendo pilares fundamentais nesse processo de reestruturação,” destaca Paulo Roberto Birck, presidente liquidante da Cooperativa Languiru.

No dia 24 de setembro, haverá uma nova Assembleia, para realização da prestação de contas da Liquidação Extrajudicial referente ao primeiro semestre de 2024. Além disso, será proposta a reforma estatutária, material formulado pela Comissão para Estudo e Reforma do Estatuto, eleita em março deste ano para esta finalidade.

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