Como susto levou mãe a banir ultraprocessados da dieta da família: ‘Algo precisava mudar’

Daisy Asaf, 34 anos, mãe de três filhos e ex-dançarina, viu sua vida virar de cabeça para baixo em 2022, quando um de seus filhos recebeu, equivocadamente, um diagnóstico devastador. “Fiquei de cama chorando por dois dias”, relembra. Apesar do alívio com a correção médica, a experiência deixou marcas profundas – e despertou uma mudança radical: Daisy baniu os alimentos ultraprocessados (AUPs) da rotina alimentar da família.

Hoje, morando em Kent, na Inglaterra, Daisy alimenta os filhos – de 10, 9 e 3 anos – com refeições e lanches caseiros, priorizando ingredientes integrais. A motivação? Descobrir que boa parte dos alimentos prontos que consumiam diariamente estava repleta de aditivos químicos, conservantes e os famosos “números E” (código de emulsificante, edulcorante, espessante).

“Depois do susto, pensei: ‘algo precisa mudar agora’. Isso me atingiu como uma pedra”, conta ela. Daisy relata que cresceu com uma alimentação prática e industrializada, mas se inspirou na avó, que cultivava seus próprios vegetais e preparava tudo do zero.

Da despensa ao fogão: uma transformação com propósito

Daisy eliminou da rotina familiar desde cereais matinais adoçados até pães industrializados com óleos vegetais e conservantes. Hoje, prepara pães caseiros ou compra de padarias artesanais, troca leite comum por leite sem conservantes e investe em alimentos com poucos ingredientes e de origem mais natural. Sua regra é simples: se não consegue pronunciar um ingrediente, ou não o reconhece em sua cozinha, não compra.

Mesmo com uma conta semanal de £250 em compras, ela considera o custo um investimento na saúde da família. Carnes orgânicas, legumes frescos e temperos naturais como cúrcuma e alho são presença garantida no cardápio. “Sinto que tenho mais controle agora”, diz.

Apesar do rigor, Daisy não busca a perfeição. Seus filhos ainda levam um chocolate na lancheira, e, ocasionalmente, frequentam fast-food. “Não quero que se sintam excluídos. Mas me sinto menos culpada porque sei que o que ofereço em casa é nutritivo e balanceado.”

Mudanças que se refletem no comportamento e no bem-estar

O impacto da nova alimentação não foi apenas físico. Daisy percebeu mudanças no comportamento dos filhos: “Meu mais velho está menos hiperativo e todos parecem mais satisfeitos com as refeições”. Ela garante que o dia da família começa com panquecas caseiras ou ovos na torrada e termina com um jantar nutritivo. No lugar de doces industrializados, os lanches preferidos agora são frutas e iogurtes naturais.

Até os filhos, segundo ela, passaram a questionar os ingredientes de alimentos servidos na escola. “Meu filho comenta se algo tem óleo de palma ou se foi feito com sementes de linhaça. É nesses momentos que sinto que estou vencendo.”

A conscientização como missão

Hoje influenciadora nas redes, Daisy compartilha vídeos de suas compras e receitas no perfil @daisyasaf_, mas faz questão de reforçar que não está impondo regras, apenas promovendo conscientização. “Não estou dizendo que um salgadinho vai causar câncer, mas que vale a pena olhar o que estamos consumindo.”

Ela aconselha outras famílias a começarem devagar: “Troque o pão do supermercado por um da padaria. Separe três horas da semana para preparar receitas em série. Com o tempo, isso economiza esforço e melhora a qualidade da alimentação.”

O alerta da ciência

A história de Daisy se soma a um crescente corpo de evidências científicas que apontam os riscos dos ultraprocessados. Um novo estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine revela que esses produtos representam 53% da ingestão calórica no Reino Unido e podem estar relacionados a até 17 mil mortes prematuras por ano no país.

Os alimentos ultraprocessados incluem refrigerantes, pães industrializados, cereais matinais açucarados, carnes processadas e lanches prontos. Segundo os pesquisadores, os danos não vêm apenas dos nutrientes em excesso, mas também do tipo de processamento e dos aditivos utilizados.

Apesar das críticas ao estudo por não comprovar causalidade, os especialistas alertam: as evidências são consistentes demais em diferentes populações para serem ignoradas.

“Estou tentando voltar ao básico”, conclui Daisy. “A comida é um remédio, no fim das contas. E saber o que posso fazer me dá menos medo do futuro.”

 
 
 
 
 
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