Restaurar móveis e objetos é opção para quem busca estilo e economia

A busca por decorar o ambiente está constantemente relacionada à escolha dos móveis e, para quem procura um estilo de consumo consciente, a transformação de peças antigas têm se tornado uma opção. A prática coloca o descarte em segundo plano e abre as portas para a criatividade e escolhas mais únicas. Além das questões sustentáveis, a economia também pesa na balança de quem escolhe a restauração em vez do descarte.Não são incomuns os cenários incorretos de descarte de móveis, em muitos casos por desinformação, já que a forma adequada de descarte dessa categoria não é um assunto muito comentado. Dados do Panorama de Descarte de 2024, publicado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), mostram que 41,5% dos resíduos sólidos urbanos gerados em 2023 tiveram um descarte inadequado. Por isso, a escolha de transformar, além de reduzir os resíduos ambientais, impulsiona a economia circular.A prática faz parte da economia circular por se encaixar no modelo de produção que busca reduzir o desperdício e a poluição. Assim, um móvel quebrado, desgastado ou com qualquer outro tipo de defeito, em vez de descartado, é reintegrado à cadeia produtiva — ação que também fortalece o comércio. Exemplo dos benefícios dessa prática é dado por Valéria Simões, fotógrafa com formação em artes visuais, que gosta de colocar a mão na massa. Ela expressa que o ato de reformar, para ela, aumenta o valor da peça: “É muito prazeroso poder transformar algo que iria para o descarte em uma peça útil, com uma nova roupagem e, às vezes, com uma nova função”.Atitude conscientePara os profissionais do ramo, escolher restaurar uma peça é também uma atitude inteligente. O custo-benefício pode ser realmente vantajoso, tanto no bolso quanto no sentido afetivo. Joilton Sutério, administrador por formação, mas que em 2017 começou a trabalhar como artesão, conta: “Às vezes vale mais a pena a restauração. Muitas vezes é um móvel bom, de madeira maciça, ou um móvel antigo que atualmente vai custar quatro vezes mais que o valor da reforma, além do apego afetivo do cliente”.Joilton é dono de um ateliê no Rio Vermelho, mas a apreciação pela restauração não faz apenas parte do seu trabalho, a sustentabilidade também se tornou um pilar importante, de forma pessoal: “Eu penso que, com o meu trabalho, posso contribuir para a redução dos resíduos. Às vezes é feito o descarte de uma peça boa, que poderia ser aproveitada, mas no final vira poluição. Muitas vezes a limpeza urbana não recolhe e fica na rua mesmo, atrapalhando a passagem dos pedestres, de alguma forma prejudicando o meio ambiente. E a gente, reformando, dando uma nova vida ou até mudando a estética para outro formato, faz com que ela ganhe uma nova estrutura e, de alguma maneira, evita a poluição também”.Uma forma de restauração também é a pintura. Antonio Sena faz esse serviço com tingimento, polimento, entre outras reformas. Peças como estantes, mesas e cadeiras são renovadas com a proposta de serem entregues ao cliente como um produto novo, moderno e atualizado. E, apesar de o mercado de reformas não ser algo novo, as mudanças nos estilos são o que transformam a forma como os clientes buscam por esse trabalho.“A procura por reforma de móveis sempre existiu e sempre vai existir, por conta das tendências de mercado. Por exemplo, há 30 anos, existiam muitos móveis em mogno, avermelhados. Hoje em dia, a tendência são móveis mais naturais, então fazemos a remoção e tingimos para a madeira ficar em um tom mais claro”, observa Antonio.“Outro exemplo são as mesas, cadeiras… era comum a laca (acabamento feito de resina que protege e dá brilho à peça) ser brilhante. Hoje em dia, 70%, 80% das lacas já são acetinadas ou foscas. Esse mercado muda muito, e a gente está sempre acompanhando e se atualizando”, completa Antonio. O que ressalta que as mudanças do mercado podem moldar as escolhas, mas a restauração continua sendo uma alternativa econômica sem sair do eixo da contemporaneidade.Pensar no uso a longo prazo pode, sim, se tornar um estilo de vida. Para os que gostam de mudar, é interessante refletir que nem sempre o descarte será a melhor opção. Essa maneira de manter a estética e as escolhas sustentáveis de forma equilibrada traz muitos benefícios. Valéria, que já tem esse modo de vida, afirma: “Não há uma regra para escolher o que reformar. Às vezes é interessante manter as características e funções originais e, em outras, a gente ressignifica, transformando em uma nova peça”.*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
Adicionar aos favoritos o Link permanente.