Número de emigrantes nos últimos três anos já supera 10% da população; país enfrenta escassez de médicos, queda no turismo e crise na agricultura
A crise econômica em Cuba provocou um dos maiores êxodos populacionais da história recente da ilha. Em apenas três anos, o país perdeu cerca de 10% de sua população, o que já impacta drasticamente setores como saúde, agricultura e turismo.
Segundo estimativas oficiais e dados da ONU, essa fuga em massa tem sido puxada principalmente por jovens entre 19 e 49 anos — exatamente a faixa etária considerada o coração da força de trabalho. Com uma taxa de natalidade em declínio e sem reposição dessa mão de obra, as projeções são alarmantes: até 2100, a população cubana pode cair para apenas 5 milhões de pessoas, metade da atual.
Hospitais e lavouras sentem os efeitos da debandada
A escassez de profissionais tem forçado o fechamento parcial de hospitais por falta de especialistas. Em dois anos, o número de médicos caiu de 510 mil para 421 mil — um baque para um sistema de saúde que já enfrenta falta de insumos e sobrecarga.
Na agricultura, a ausência de trabalhadores tem comprometido colheitas e abastecimento interno. Já o setor de turismo, que há décadas era uma das principais fontes de renda para o país, registra quedas constantes, agravadas também pelo baixo investimento e pelas restrições internacionais.
Emigração rumo aos Estados Unidos e novas rotas pela América Central
Entre outubro de 2021 e agosto de 2023, mais de 500 mil cubanos chegaram aos Estados Unidos. Outros 208 mil pediram asilo no período, e mais de 100 mil conseguiram o status de “parole humanitário”, que permite entrada temporária no país.
Além da travessia pelo mar, muitos passaram a usar rotas alternativas terrestres, como a chamada “Ruta de los Volcanes”, que atravessa a Nicarágua e outras nações da América Central. A flexibilização das regras internas de viagem e a falta de perspectivas econômicas dentro da ilha facilitaram essa mobilidade em massa.
Cuba enfrenta um futuro incerto
Enquanto milhares fogem, quem permanece em Cuba precisa lidar com inflação, escassez de alimentos, apagões constantes e serviços públicos em colapso. A combinação entre crise econômica, emigração massiva e ausência de políticas eficazes de retenção da população coloca o país em um caminho de deterioração social acelerada.
A ONU e outras entidades internacionais acompanham a situação com preocupação, alertando que, sem uma mudança estrutural profunda, o esvaziamento populacional pode se tornar irreversível nas próximas décadas.
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