por Ana Paula Lima
Quem imaginaria que chegaríamos ao ponto de discutir as estruturas de trabalho consolidadas ao longo de décadas? O mundo mudou — e qualquer reflexão sobre o Dia do Trabalhador deve considerar os desafios urgentes. No Parlamento, nossa responsabilidade é ouvir a sociedade e buscar soluções legislativas à altura da nova realidade.
A ideia de ser dono do próprio tempo, sem estar preso a contratos tradicionais, cresce. A recente decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, ao suspender processos que discutem a legalidade da pejotização, reforça esse debate. Não se trata de fraude, mas de algo que exige estudos sérios. Afinal, a realidade já bate à porta: jovens como Maria Lúcia, recém-formada, são contratados como PJ, mas cobrados como se fossem CLT, com jornadas extensas e sem os mesmos direitos.
Esse é o problema: quando as leis não acompanham as mudanças sociais. Precisamos repensar modelos, adaptá-los. Mas adaptá-los para quem? Para o contratante? O clamor da sociedade pede equilíbrio. Já se questiona o modelo 6 x 1, enquanto outros países adotam alternativas. Três paradigmas moldaram o trabalho: o fordismo (hierarquia), o toyotismo (terceirização) e, agora, o uberismo (flexibilidade). Mas flexibilidade sem direitos não é progresso.
Estamos diante de uma oportunidade histórica. O documentário Vidas Entregues, da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, mostra a dura realidade de entregadores por aplicativo: baixos salários, ausência de direitos e precarização. Essa não pode ser a marca do Dia do Trabalhador.
Há, no entanto, conquistas a celebrar: o Brasil tem a menor taxa de desemprego recente (6,2%), o salário mínimo está valorizado (com previsão de R$ 1.627 em 2026), e o governo Lula propôs isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. É justiça fiscal e respeito ao trabalhador.
E às mulheres, especialmente às trabalhadoras da saúde, que resistem com coragem e amor, minha homenagem. A aprovação da Lei da Igualdade Salarial é um passo firme na valorização de quem sempre esteve na linha de frente.
O trabalhador não vive de promessas vazias. Vive de emprego, salário justo e respeito.
Ana Paula Lima, deputada federal (PT/SC), vice-líder do governo e secretária da Primeira Infância, Infância e Juventude da Câmara dos Deputados
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