| Foto:
Reprodução/Canva
A economia dos Estados Unidos recuou 0,3% em termos anuais durante o primeiro trimestre, captando a resposta das empresas americanas à guerra comercial de Donald Trump, segundo dados revelados nesta quarta-feira (30) pelo BEA (sigla em inglês para Escritório de Análise Econômica) do país.A queda contrasta com o crescimento de 2,4% registrada no último semestre de 2024. Trata-se do maior recuo desde o primeiro trimestre de 2022.A diminuição no PIB foi pior do que algumas previsões. Economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal, por exemplo, esperavam um crescimento de 0,4%.Segundo o New York Times, o modelo de crescimento econômico do Federal Reserve Bank of Atlanta previa uma contração de 1,5% no primeiro trimestre, enquanto a versão do Fed de Nova York previa um crescimento de 2,6%.A queda foi em grande parte resultado da corrida das empresas americanas para acumular estoques antes das amplas tarifas de Trump, com dados do Censo dos EUA na terça-feira (29) mostrando que o déficit comercial de mercadorias atingiu um recorde histórico em março.Durante o período, as companhias dos EUA acumularam importações numa tentativa de driblar os efeitos negativos do tarifaço imposto por Trump.As importações cresceram no ritmo de 41,3%, enquanto as exportações aumentaram em ritmo mais devagar, de 1,8%, no primeiro quarto do ano.A diferença entre importações e exportações é um fator importante no cálculo do PIB, que também mede o consumo doméstico, investimento e gastos governamentais. Em uma entrevista nesta semana à ABC, antes da divulgação dos “Tudo vai ficar bem”, afirmou.Os futuros de ações caíram e os rendimentos dos títulos subiram ligeiramente após os dados. O rendimento do Tesouro de dois anos, que se move com as expectativas de taxa de juros, subiu 0,01 pontos percentuais para 3,66%.Após o resultado negativo das bolsas, Trump afirmou na sua rede social, Truth Social, que esse é o “mercado de ações de Biden”.”Este é o mercado de ações de Biden, não o de Trump. Eu só assumi em 20 de janeiro. As tarifas em breve começarão a entrar em vigor, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes”, afirmou o presidente.”Nosso país vai decolar, mas precisamos nos livrar da ‘sombra’ deixada por Biden. Isso vai levar um tempo, NÃO TEM NADA A VER COM AS TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins. Mas quando o crescimento começar, será como nunca antes. TENHAM PACIÊNCIA!!! (sic)”, disse Trump após a divulgação do resultado do PIB.Não houve mudança significativa nas expectativas de corte nas taxas de juros após os dados, com operadores no mercado futuro ainda prevendo aproximadamente quatro cortes este ano. Vários economistas de Wall Street revisaram suas estimativas de crescimento do primeiro trimestre para baixo após a publicação dos números do comércio de mercadorias na terça-feira.O Bureau de Análise Econômica, que produziu os números do PIB de quarta-feira, acrescentou que a queda na produção do primeiro trimestre também refletiu uma diminuição nos gastos governamentais. Afirmou que tais mudanças foram parcialmente, mas não totalmente, compensadas por aumentos em investimentos, gastos do consumidor e exportações.Ao The Wall Street Journal, Shannon Grein, economista do Wells Fargo, afirmou que o relatório é sólido. “O declínio do título principal superestima a fraqueza porque muito disso foi uma antecipação induzida por tarifas. No geral, acho que foi um relatório subjacente relativamente sólido quando se trata de demanda”, disse Grein.Chris Rupkey, economista-chefe da Fwdbonds, uma empresa de pesquisa financeira, escreveu aos clientes que “o crescimento simplesmente desapareceu”. ‘Talvez parte desse pessimismo se deva a uma corrida para importar antes que as tarifas aumentem, mas simplesmente não há como os conselheiros de política adoçarem isso”, diz o comunicado reportado pelo The Washington Post.Espera-se que a guerra comercial de Trump leve a um crescimento mais lento durante o segundo semestre deste ano, com preços mais altos pesando sobre o consumo.O FMI disse na semana passada que o PIB dos EUA expandiria 1,8% este ano —abaixo de sua estimativa de janeiro de 2,7%. Muitos analistas do setor privado não preveem crescimento algum.