A criadora de conteúdo Luanna Borges, de 25 anos, quase perdeu o movimento da perna esquerda após arrancar um pelo encravado com pinça. A ferida só melhorou com o tratamento de sete curativos hidrocolóides, em um período de três semanas. Antes disso, a morada de Coxim (MT) cogitou até mesmo a possibilidade de morrer devido à ferida que não sarava.
“No dia 10 de janeiro, eu acordei com um ponto amarelinho na perna, dolorido. Pensei que era pelo encravado porque dentro desse buraquinho tinham dois fios de cabelo. Tirei com a pinça”, lembra.
O que parecia inofensivo tornou-se o pesadelo de Borges. No dia seguinte, ela já acordou com a região mais dolorida, avermelhada e afundada. A jovem ficou receosa de ser um furúnculo.
Ela tentou tratar a ferida de modo natural com folha de pimenta, babosa e até pasta de dente. “Com cinco dias, tentando essas receitas, não tive bons resultados. Só piorou. Eu não conseguia nem pôr o pé no chão mais. Quando eu tentava, era uma dor insuportável”, relata.
Borges começou a tomar banho sentada e passava a maior parte do dia com a perna para o alto. Ela precisou da ajuda até mesmo da filha de seis anos para se locomover minimamente dentro de casa e fazer o básico do dia a dia.
A busca por ajuda médica
Ainda com cinco dias após o início do problema, a moradora de Coxim quase desmaiou ao tentar ir ao banheiro. Foi quando ela decidiu que procuraria ajuda médica.
A possibilidade de ser um furúnculo foi descartada, e a médica do pronto-socorro drenou o local da ferida. Borges recebeu duas injeções de benzetacil e mais antibióticos para casa, além de rifocina.
Assustada com o desenrolar da situação, a jovem tentou uma consulta com uma profissional do posto de saúde próximo de onde mora, só que em casa, pois já que estava com falta de mobilidade e a ferida cada vez maior.
Uma enfermeira veio, fez uma avaliação e agendou a consulta para Borges. Levou cerca de um mês para ela conseguir de fato passar com a médica do posto de saúde. Nesse meio tempo, ela seguiu com o tratamento prescrito anteriormente pela primeira especialista.
“Saí do hospital me sentindo corajosa por ter deixado a médica apertar a ferida e pensando que estava tudo bem. Só que, no outro dia, a minha perna amanheceu maior, mais dolorida e dura”, conta.
“Minha ferida ainda estava aberta e eu sentia muita dor. Conseguia andar, mas ainda mancava. Não estava 100% curada. A nova médica foi muito atenciosa e sugeriu o tratamento com a placa de hidrocolóide porque ela viu a gravidade da situação. Foi minha salvação!”, desabafa.
Borges usou sete placas de hidrocolóide, por cerca de três semanas, até ter o fechamento completo da ferida. Ela relata que toda vez que o curativo era trocado, o machucado expulsava bastante pus.
Ao dividir seu relato nas redes sociais, a criadora de conteúdo se deparou com casos semelhantes ao seu e ajudou outras pessoas a procurarem ajuda.
O que causa o pelo encravado?
A dermatologista Vanessa Nunes explica que o pelo encravado pode acontecer por uma característica genética hereditária em que o fio já nasce com tendência a encravar ou pode ser um caso pontual, como o de Borges.
“Uma pele, principalmente desidratada, tende a encravar os pelos pelo aumento de células mortas que o fio tem que forçar para nascer. A partir disso, cria-se um processo inflamatório e também pode ocorrer um aspecto infeccioso de bactérias fazendo foliculite no local”, explica Nunes.
O que fazer com o pelo encravado?
Ainda de acordo com a especialista, o pelo encravado pode ser retirado com pinça. Mas é preciso muita atenção para não machucar a pele ao removê-lo. “Caso contrário, a pessoa pode provocar processos inflamatórios e infecciosos”, reforça.
O passo a passo indicado por Nunes é:
- Esterilize a pinça usada com álcool 70%;
- Passe o álcool 70% no local do pelo encravado também;
- Retire o pelo se ele estiver superficial, na camada da pele que não sangra e nem dói;
- Passar novamente o álcool 70% após a remoção e aplicar um creme cicatrizante.
O ideal é cuidar da pele para que o pelo não encrave. Para isso, a dermatologista reforça a importância de uma boa hidratação oral e tópica, além de estabelecer uma rotina de esfoliação e depilação.
“Uma vez por semana, esfolie o local com cremes próprios para esfoliação em que os grânulos são muito fininhos e suaves para não machucar a pele”, orienta Nunes.
Já a depilação, com lâmina ou cera, deve ser feita na mesma direção do crescimento do pelo. “Se você passa a lâmina contra, vai empurrar células mortas, bactérias e fragmentos de outros pelos cortados para dentro do poro daquele fio que será tirado”, explica a dermatologista.
O acúmulo desses resíduos no poro favorece a proliferação de bactérias, tornando o ambiente propício para inflamação e infecções. Por isso que, após a depilação, Nunes recomenda fazer um chá de flor de camomila e borrifá-lo nas regiões que foram depiladas, pois ele é um agente anti-inflamatório.
“Outro erro muito comum é usar lâminas já utilizadas e ainda deixadas no box do banheiro, enferrujando. Elas são péssimos instrumentos para depilação porque carregam muitas bactérias e outros agentes externos”, reforça Nunes.