Câncer da vesícula biliar

O adenocarcinoma da vesícula biliar é uma doença agressiva com prognóstico reservado. Geralmente os sintomas são inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce. Acomete geralmente pacientes com faixa etária entre 60 a 70 anos e é 2-3 vezes mais comum em mulheres.

Geralmente os pacientes são assintomáticos, principalmente nos estágios iniciais. Cerca de 80% dos tumores são adenocarcinoma tipo infiltrativo. A maior parte dos casos acomete a região do fundo da vesícula biliar.

O paciente pode se apresentar com sintomas semelhantes a uma colecistite, dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, náuseas e vômitos, podendo ser acompanhado de perda da fome, saciedade precoce ou plenitude.

Perda de peso, icterícia (51% dos casos) e massa abdominal indicam sinais de doença maligna avançada. A icterícia é do tipo obstrutiva e está relacionada à invasão tumoral das vias biliares. Outros sinais de doença avançada incluem ascite, hepatomegalia e vesícula palpável.

Os fatores de risco para adenocarcinoma da vesícula biliar estão relacionados à inflamação crônica da vesícula biliar. A litíase da vesícula biliar é o principal fator e coexiste em cerca de 70% a 95% dos casos. Outros fatores relatados na literatura incluem: cálculos biliares maiores de 3 cm, sexo feminino, idade > 40 anos, obesidade, vesícula em porcelana.

Também, pólipo da vesícula biliar maior 1cm, metaplasia intestinal e pilórica do epitélio da vesícula biliar, doença cística congênita da via biliar, colangite esclerosante primaria, alterações anatômicas da junção biliopancreaticas, infecção da bile (Salmonella, Helicobácter pylori), medicamentos (metildopa, anticoncepcionais orais e isoniazida) e exposição a carcinógenos

O primeiro exame de imagem solicitado, geralmente é a ultrassonografia, com sensibilidade de 50% a 80%, alcançando identificação de quase 90% nos casos avançados. Os achados mais importantes são: espessamento da parede da vesícula sem sinais de colecistite aguda, lesão irregular no espaço sub-hepático, massa heterogênea no lúmen da vesícula, espessamento assimétrico da parede da vesícula ou pólipo maior de 10 mm.

A tomografia e a ressonância nuclear magnética apresentam importância no estadiamento, principalmente para demonstrar metástases regionais e no planejamento cirúrgico. A colangiorressonância, apresenta uma imagem mais definida da árvore biliar. A CPRE é útil nos casos de icterícia obstrutiva, pois pode precisar o local acometido e utilizar próteses como tratamento paliativo.

O ultrassom endoscópico apresenta maior sensibilidade na detecção de lesões menores de 2 cm em relação a Tomografia Computadorizada e ressonância nuclear magnética e, ainda, fornece valiosa informação acerca dos linfonodos regionais com possibilidade de coleta de citologia para avaliação.

A taxa global de sobrevida em 5 anos é de 3% a 13%. Cerca de 80% dos pacientes morrem dentro do primeiro ano a partir do diagnóstico. A quimioterapia e a radioterapia não causam modificação nas taxas de sobrevida. Apenas 10% a 30% dos pacientes são considerados candidatos a ressecção quando diagnosticados.

A ressecção da vesícula biliar ainda é o tratamento com potencial de cura, com a abordagem convencional sendo a de escolha devido o potencial maior de disseminação da doença caso a vesícula seja perfurada.

Dependendo do estadiamento, é necessário realizar uma colecistectomia alargada, com a retirada das cadeias linfonodais pericoledocianos, periportais, hepato-duodenais, celíacos direitos e pancreaticoduodenais posteriores, além do ducto hepático ou do parênquima hepático a depender do grau e da localização da invasão.

Pacientes já colecistectomizados podem necessitar de outros procedimentos cirúrgicos para ampliação de margens. Para pacientes com doença irressecável, o tratamento paliativo deve ser realizado, com descompressão da via biliar por stents, tratamento da dor e desobstrução duodenal.

Em casos de irressecabilidade (envolvimento da veia porta ou hepático extenso) ou incurabilidade (metástase hepática ou peritoneal), biópsia percutânea deve ser realizada para diagnóstico tecidual.

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.

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